Resumo: As comunidades aquáticas em fitotelmatas são estruturadas por vários fatores ambientais que atuam nas interações tróficas e não tróficas desses ambientes. Fitotelmatas são microecossistemas de água doce, ricos em biodiversidade e são considerados um excelente modelo de estudo. Foram utilizadas plantas da família Bromeliaceae da espécie Quesnelia arvensis, com o objetivo de investigar as relações entre as variáveis bióticas e abióticas e seus efeitos sobre as interações da microbiota desses ambientes. A hipótese testada foi de que o tamanho do habitat e os gradientes de cobertura de dossel determinariam a abundância das comunidades da microbiota e suas interações. Foram realizadas coletas em bromélias localizadas no Parque Estadual da Ilha do Cardoso – SP, Brasil, em diferentes gradientes de cobertura de dossel e tamanhos, a fim de investigar os efeitos do tamanho do habitat. Para verificar as interações entre as variáveis e pontuar as interações (positivas e negativas) foi utilizado o método graphical lasso, que exemplifica essas interações através de um gráfico de rede. Também, foi realizada uma análise de regressão simples a fim de determinar as correlações entre as variáveis bióticas e abióticas. Os resultados encontrados apontam que a cobertura de dossel e o tamanho do habitat foram as variáveis mais importantes nas interações em fitotelmatas. A cobertura de dossel apresentou a maior quantidade de conexões negativas, principalmente com os níveis de amônia, larvas de Culicídeos e algas em geral, com exceção dos fitoflagelados. Em contrapartida, o tamanho do habitat apresentou fortes conexões positivas com os rotíferos e os copépodes e não apresentou nenhuma conexão negativa com outras variáveis. Por fim, corroborando nossa hipótese, os resultados desse estudo demonstram que, dentre o conjunto de fatores analisados, a cobertura de dossel e o tamanho do habitat foram os mais representativos para a estruturação trófica das comunidades da microbiota assim como esperado.
Abstract: The aquatic communities in phytotelmata are structured by several environmental factors, and they act in the trophic and non-trophic interactions of these environments. Phytotelmata are micro-ecosystems of fresh water, rich in species and are considered an excellent study model. Here, we use plants from the family Bromeliaceae of the species Quesnelia arvensis, to investigate the relationships between biotic and abiotic variables and their effects on interactions in phytotelmata. Our hypothesis was that habitat size and canopy cover gradients would determine the abundance of microbiota communities and their interactions. We carried out samples on bromeliads located in the state park of the Parque Estadual da Ilha do Cardoso - SP, Brazil, in different canopy cover gradients, in addition we selected plants of different sizes, to investigate the effects of habitat size. To check the interactions between the variables and score the interactions (positive and negative) we use the lasso graphical method, which exemplifies these interactions through a network graph. Also, we performed a simple regression analysis in to determine the correlations between biotic and abiotic variables. Our results indicate that the canopy cover and the size of the habitat (water volume) were the most important variables in interactions in phytothelmata. The canopy cover presented the greatest amount of negative connections, mainly with the levels of ammonia, Culicidae larvae and algae in general, with the exception of phyto-flagellates. In contrast, habitat size showed strong positive connections with rotifers and copepods and did not show any negative connection with other variables. Finally, our results demonstrate that among the set of factors analyzed, canopy cover and habitat size were in fact the most representative, as expected. |