Resumo: Planícies de inundação fornecem um ambiente único devido as cheias periódicas que causam baixas taxas de difusão e solubilidade de oxigênio no solo e representam a principal restrição ao desenvolvimento da comunidade vegetal ripária. Entre as estratégias apresentadas pelas plantas que possibilitam-nas sobreviver a esses eventos de inundação estão ajustes morfofisiológicos e anatômicos, reduzindo o dano causado pela deficiência de oxigênio. Com o objetivo de observar experimentalmente as estratégias adaptativas de sobrevivência à inundação, plantas jovens de Albizia niopoides (Spruce ex Benth.) Burkart foram submetidas às condições de saturação hídrica. Os tratamentos consistiram em: alagado (somente o substrato submerso em água), totalmente submerso (planta inteiramente coberta por água) e o controle (mantido em capacidade de campo). Para avaliação morfológica coletou-se os dados de altura da parte aérea, comprimento da raiz e biomassa (folhas, caule e raiz). Para as análises anatômicas da raiz, mensurou-se o diâmetro do cilindro vascular da raiz e o diâmetro total da raiz. Por fim, obtivemos clorofila a e b, carotenoides e clorofila total. As análises foram realizadas 15, 30 e 60 dias após o início dos tratamentos. Os resultados foram comparados estatisticamente por testes de média (Anova, Kruskal-wallis e teste-t). De maneira geral, o grupo controle apresentou maiores médias de crescimento nos parâmetros altura da parte aérea, comprimento de raiz, biomassa das folhas e raiz, diâmetro do cilindro central da raiz e diâmetro total da raiz, comparado aos outros tratamentos, em todas os períodos. Os valores de clorofila a, b e total e de carotenoides apresentaram pouca variação aos 15 dias após o início dos tratamentos e somente aos 30 dias o grupo controle e alagado obtiveram maiores valores, comparados ao totalmente submerso, indicando alterações no metabolismo das plantas mantidas em submersão. Registrou-se pela análise anatômica, maior desenvolvimento no grupo controle, com raízes em avançado crescimento secundário dos tecidos e redução do diâmetro total da raiz nos tratamentos onde essa se encontrava em hipoxia. Observou-se a presença de lenticelas e raízes adventícias no tratamento alagado. Aos 60 dias após o início dos tratamentos, os indivíduos do tratamento submerso estavam mortos. A inundação representou um efeito negativo no crescimento dos indivíduos assim como o alagamento do substrato. A morte das plantas sob tratamento de submersão indica que Albizia niopoides não tolera grandes períodos de total submersão, enquanto as características morfoanatômicas desenvolvidas sugerem que a planta seja considerada tolerante ao estresse causado pelo alagamento do substrato.
Abstract: Floodplains provide a unique environment, periodic floods cause low rates of diffusion and solubility of oxygen in the soil and represent the main restriction to plant community development. Among the strategies presented by plants that allow them to survive these flooding events are morphophysiological and anatomical adjustments, reducing the damage caused by oxygen deficiency. This study was conducted with the objective of experimentally observing the adaptive strategies of survival to the flooding, thus, young plants of Albizia niopoides (Spruce ex Benth.) Burkart were submitted to water saturation conditions. The following treatments were submitted to the plants: flooded (only the soil submerged in water), submersion (plants totally under the water) and the control group (maintained at field capacity). For morphological evaluation, we collected data from shoot height, root length, biomass (leaves, stem and root). For the anatomical analysis of the root, we measured the diameter of the vascular cylinder of the root and the total diameter of the root, in addition to data about chlorophyll a and b, carotenoids and total chlorophyll. Analyzes were performed 15, 30 and 60 days after the start of the treatments. Results were statistically compared by mean tests (ANOVA, Kruskal-wallis and t-test). In general, the control group presented higher growth averages in the parameters: shoot height, root length, biomass of leaves and root, diameter of the central cylinder of the root and total diameter of the root, compared to the other treatments, in all studied periods. The values of chlorophyll a, b and total and carotenoids showed little variation at 15 days after the beginning of treatments and only at 30 days the control and flooded groups obtained higher values, compared to the totally submerged, indicating changes in the metabolism of plants kept in submersion. Anatomical analysis showed greater development in the control group, with roots in advanced secondary tissue growth and reduced total root diameter in treatments when it was in hypoxia. We observed The presence of lenticels and adventitious roots in the flooded plants. At 60 days after the start of treatments, subjects in the submerged treatment were dead. Flooding represented a negative effect on the growth of individuals as well as substrate flooding. The death of plants under submersion treatment indicates that Albizia niopoides does not tolerate long periods of total submersion, while the morphoanatomical characteristics developed suggest that the plant is considered tolerant to the stress caused by the flooding of the substrate. |