Resumo: A composição da assembleia de peixes varia no tempo e no espaço, e a diversidade beta tem sido uma ferramenta valiosa para quantificar essa variação e compreender os mecanismos associados. Entender quais fatores determinam a atuação desses mecanismos é fundamental para projetos de manejo e conservação de riachos de cabeceira. Diante disso, avaliou-se qual componente da diversidade beta total (substituição de espécie ou diferença na riqueza) é mais representativo para a assembleia de peixes entre os riachos, identificou-se a escala de efeito do uso da terra sobre essa assembleia e avaliou-se a influência relativa da paisagem e ambiental local nos componentes da diversidade beta. O estudo foi realizado em 12 riachos de cabeceira próximos e inseridos no município de Maringá, estado do Paraná, Brasil. A porcentagem das classes de uso da terra foi mensurada em 11 escalas espaciais, cinco buffers a partir do trecho amostrado e seis a partir da rede hídrica a montante do trecho amostrado. Os dados foram analisados por meio da Análise de Redundância baseada em distância (dbRDA) e partição de variância. Os resultados mostraram que a substituição de espécie foi o componente mais importante para diversidade beta total, sendo o uso da terra nos buffers de 100 e 500 metros a partir do trecho amostrado considerados a escala de efeito para a variação dos componentes. O uso da terra e as variáveis ambientais locais foram mais representativos para a diversidade beta total e diferença de riqueza e a distância entre os pontos de coleta para a substituição de espécie. Conclui-se que o uso da terra e as variáveis ambientais locais selecionam as espécies de peixes, diminuindo a riqueza em áreas urbanas, enquanto que o limite de dispersão atua sobre a substituição de espécie. Portanto, sugere-se que projetos de manejo e conservação devam ser focados no uso da terra, conservando ou restaurando a floresta ripária, o que melhoraria a qualidade local dos riachos, principalmente dos urbanos, sendo estes os mais alterados.
Abstract: Fish assemblage composition varies across time and space, and beta diversity has been a valuable tool for quantifying this variation and understanding associated mechanisms. Understanding which factors determine the action of these mechanisms is fundamental for headwater stream management and conservation projects. Therefore, was evaluated which component of total beta diversity (species replacement or difference in richness) is most representative for the fish assemblage between streams, identified the scale of effect of land use on this assemblage, and evaluated the relative influence of land use, local environment and distance between collection points on beta diversity components. The study was carried out in 12 headwater streams close to and located in the municipality of Maringá, Paraná, Brazil. The percentage of land use classes was measured at 11 spatial scales, five buffers from the sampled section and six from the water network upstream of the sampled section. The data was analyzed using Redundancy Analysis based on distance and variance partition. The results showed that species replacement was the most important component for total beta diversity, with land use in buffers 100 and 500 meters from the sampled section considered the scale of effect for the variation of the components. Land use and local environmental variables were more representative for total beta diversity and richness differences and the distance between collection points for species replacement. It was concluded that land use and local environmental variables select fish species, reducing richness in urban areas, while the dispersal limit acts on species replacement. Therefore, it is suggested that management and conservation projects should be focused on land use, conserving or restoring riparian forest, which would improve the local quality of streams, mainly urban streams, which are the most altered. |