Resumo: O processo de envelhecimento pode resultar na dependência e necessidades de ajuda e cuidado, cada vez mais realizados no domicílio e sob a responsabilidade da família, que, diante do surgimento da dependência do idoso, necessita reestruturar e reorganizar seu papel, redefinindo as responsabilidades de seus membros. A tarefa de cuidar abrange a necessidade de apoio social ao idoso e seu cuidador, objetivando diminuir os aspectos negativos advindos do processo de cuidado, além de contribuir para a melhoria da qualidade de vida do cuidador e refletir positivamente nos cuidados prestados. Esse apoio pode advir de fontes formais e informais, como grupos de ajuda mútua, família, organizações não governamentais, religiosos, vizinhos, amigos, serviços de saúde e de assistência social. O presente estudo objetiva compreender como se revela o apoio social formal e informal à família do idoso dependente. Trata-se de um estudo exploratório-descritivo, realizado em um município de pequeno porte da região Sul, junto a 19 cuidadores familiares primários de idosos dependentes. A coleta de dados foi realizada através de entrevistas domiciliares, utilizando um roteiro de entrevista semi-estruturada e os dados foram analisados mediante análise de conteúdo temática. Os sujeitos participantes do estudo foram constituídos em sua maioria de esposas e filhas, casadas, em processo de envelhecimento, com baixa escolaridade e baixa renda familiar, residindo em domicílios multigeracionais, cuidando de idosos dependentes há mais de 4 anos e executando, além do cuidado, as tarefas domiciliares. O cuidar foi referido pelos participantes como sendo uma tarefa difícil e cansativa, de muita responsabilidade, dedicação e que requer muita paciência e força de vontade, influenciado pela obrigação, dever e retribuição relacionados com os bons momentos vivenciados junto ao idoso. Quanto aos tipos de cuidado executados pelos cuidadores, houve predominância das atividades relacionadas à incapacidade funcional do idoso, sendo mais freqüente aquelas ligadas à manutenção da vida -alimentação, banho, mobilização e transporte do idoso - e relacionadas à reparação, como oferecer medicação. As maiores dificuldades apresentadas pelos cuidadores eram as que demandavam esforço físico, como o banho e a mobilização do idoso, influenciadas pela falta de adequação no ambiente domiciliar, porém seis cuidadores referiram não necessitar de ajuda ou apoio para realizar o cuidado. No tocante ao apoio social, o mesmo foi percebido em diferentes intensidades advindas tanto de apoio formal quanto informal. No que se refere ao apoio social informal, foram indicados familiares, grupos da comunidade, vizinhos e amigos; no entanto, a figura dos filhos foi a mais relatada. Como apoio social formal, os cuidadores referiram as unidades básicas de saúde, os membros das equipes do PSF, o serviço de fisioterapia e fonoaudiologia municipal, o serviço de assistência social e o pronto atendimento municipal. A figura dos ACS, enquanto representante da assistência formal à Saúde, foi a mais relatada, observada pelo maior vínculo com a família.Dentre as necessidades referidas para o cuidar, predominou a carência financeira e de orientação para o cuidado. Considerando que os cuidadores se encontravam em processo de envelhecimento, que cuidar gerava sobrecarga física, emocional e financeira, e que o cuidador demanda informações e orientações para o processo de cuidar, verificou-se que tanto o apoio social informal quanto o formal às famílias se mostraram deficitários. Portanto, seria de fundamental importância ao sistema de cuidado a formação de uma rede de apoio integrando sistemas formais e informais, visando à promoção, prevenção e recuperação da saúde do idoso, cuidador e família.
Abstract: The aging process can result in dependence and need for help and care, which can take place in the home and under the responsibility of the family, which, at the outset of the elderly's dependence, needs to restructure and to reorganize its role, redefining the responsibilities of each member. The task of caring includes the need for social support for the elderly and his/her caregiver, aiming at reducing the negative aspects of the care process, in addition to contributing to the improvement of the caregiver's quality of life and reflecting positively on the care rendered. This support can come from formal and informal sources, such as support groups, the family, non-governmental organizations, clergy, neighbors, friends, health and social assistance services. The present study aims to understand how formal and informal social support to the dependent elderly's family takes place. It is an exploratory-descriptive study, accomplished with 19 primary family caretakers of seniors dependent, in a small-sized city in southern Brazil. The collection of data was accomplished through home interviews, using a semi-structured interview script and the data was analyzed through thematic content analysis. The participant subjects of the study were constituted in their majority of wives anddaughters, married, aging, with low education level and low family income, living in multigenerational homes, taking care of dependent seniors for more than 4 years and performing household chores besides caring for the elderly patients. The care process was referred to by the participants as being a difficult and tiresome task, with a great deal of responsibility, dedication and requiring a lot of patience and willpower, influenced by the obligation owed and the retribution for the good moments lived with the elderly. As for the types of care given by the caretakers, there was predominance of activities related to the elderly's functional disability, being more frequent those linked to life maintenance - feeding, bathing, mobilization and transportation - and related to healing, such as administering medication. The greatest difficulties mentioned by the caregivers were actions that demanded physical effort, such as giving a bath and move the elderly, influenced by the lack of adaptation in the home, although six caregivers expressed no need for help or support to accomplish these tasks. Concerning social support, the same was noticed in varying intensities from both formal and informal support. In reference to informal social support, family members, community groups, neighbors and friends were mentioned; however, sons and daughters were most often cited. As formal social support, the caretakers referred to the basic health services, PSF team members, the local physical and speech therapy services, social assistance services and the local emergency service. The ACS, as the representative of formal health assistance, was the most mentioned, due to its bond with the family. Among the needs mentioned, the lack of financial means and orientation prevailed. Considering that the caregivers were aging, that caring caused physical, emotional and financial overload, and that the caregivers demanded information orientations for the caring process, it was concluded that both informal social support and formal support to the families were shown deficient. Therefore, it would be of fundamental importance to the care system to form a support network integrating formal and informal systems, seeking the promotion, prevention and recovery of the health of the elderly, caregiver and family.
Resumen: El proceso de envejecimiento puede resultar en la dependencia y necesidades de ayuda y cuidado, cada vez más realizados en el domicilio y bajo la responsabilidad de la familia, que, delante del surgimiento de la dependencia de la persona mayor, necesita reestructurar y reorganizar su papel, además de redefinir las responsabilidades de sus miembros familiares. La tarea de cuidar envuelve la necesidad de apoyo social a la persona mayor y a su cuidador, con el objetivo de disminuir los aspectos negativos que advienen del proceso de cuidado, además de contribuir para la mejoría de la calidad de vida del cuidador y reflexionar positivamente sobre los cuidados prestados. Este apoyo puede originarse de fuentes formales e informales, como grupos de ayuda mutua, familia, organizaciones no gubernamentales, religiosos, vecinos, amigos, servicios de salud y de asistencia social. Este estudio tiene como objetivo comprender cómo se manifiesta el apoyo social formal e informal a la familia de la persona mayor dependiente. Se trata de un estudio exploratorio y descriptivo, realizado en um municipio de pequeño porte de la región Sur, con un total de 19 cuidadores familiares primarios de personas mayores dependientes. La recolección de los datos fue realizada a través de entrevistas domiciliares, utilizando para eso un guión de entrevista semiestructurado y los datos fueron analizados a través del análisis del contenido temático. Los sujetos que participaron del estudio fueron constituidos en su mayoría de mujeres de los mayores e hijas, casadas, en proceso de envejecimiento, con bajo nivel de escolaridad y renta familiar baja. Viven en domicilios multigeneracionales, cuidando de personas mayores dependientes hace más de 4 años y ejecutan, además del cuidado, las tareas domiciliares. Los participantes de la investigación se refirieron a la tarea de cuidar a la persona mayor como siendo una tarea difícil y cansativa, de mucha responsabilidad, dedicación y que requiere mucha paciencia y fuerza de voluntad con influencia de la obligación, deber y retribución relacionados con los buenos momentos vivenciados junto con la persona mayor. En cuanto a los tipos de cuidado ejecutados por los cuidadores, hubo predominancia de las actividades relacionadas con la incapacidad funcional de la persona mayor, siendo más frecuente aquellas relacionadas con el mantenimiento de la vida - alimentación, baño, mobilización y transporte del anciano ? y relacionadas con la reparación, como ofrecer medicación. Las mayores dificultades presentadas por los cuidadores eran las que exigían esfuerzo físico, como el baño y la mobilización del anciano, influenciadas por la falta de adecuación en el ambiente domiciliar; sin embargo, seis cuidadores afirmaron que no necesitan de ayuda o apoyo para realizar el cuidado. En lo que se refiere al apoyo social, lo mismo se percibió en diferentes intensidades que advienen tanto del apoyo formal como del apoyo informal. En cuanto al apoyo social informal, fueron indicados familiares, grupos de la comunidad, vecinos y amigos, no obstante, la figura de los hijos ha sido la más relatada. Como apoyo social formal, los cuidadores hicieron referencia a las unidades básicas de la salud, a los miembros de los equipos del PSF, al servicio de fisioterapia y fonoaudiologia municipal, al servicio de asistencia social y al sistema de atendimiento municipal. La figura de los ACS, como representante de la asistencia formal a la salud, fue la más relatada, observada por el mayor vínculo con la familia. Entre lãs necesidades referidas para el acto de cuidar a la persona mayor, hubo predomínio de la carencia financiera y de la orientación para dicho cuidado. Considerando que los cuidadores estaban en proceso de envejecimiento, que cuidar generaba sobrecarga física, emocional y financiera, y que el cuidador demanda informaciones y orientaciones para el proceso de cuidar, se ha averiguado que, tanto el apoyo social informal como el formal a las familias, se han mostrado deficitarios. Por tanto, sería de fundamental importancia al sistema de cuidado, 10 la formación de una red de apoyo integrando sistemas formales e informales que tenga como objetivo la promoción, la prevención y la recuperación de la salud de la persona mayor, del cuidador y de la familia. |