Resumo: O objetivo do presente estudo foi o de estudar o sistema de metas inflacionárias e sua adoção pelo Brasil, a partir de 1999, bem como os resultados atingidos até 2009. Ademais, o estudo buscou também analisar a dicotomia que o regime de metas inflacionárias apresenta no tocante a seu relativo bom desempenho em termos de controle do nível de preço e sua dificuldade em conciliar esse resultado positivo sobre as variáveis macroeconômicas reais, a saber: produto interno bruto, desemprego e dívida pública. Segundo a análise realizada, verificou-se que as metas foram cumpridas em sete anos, dentre os dez anos de vigência do regime (1999-2009). Este resultado revela que o regime de metas foi bem-sucedido no seu objetivo último de controle inflacionário. Todavia, tal resultado se mostrou contraditório com o desempenho real da economia, segundo as variáveis selecionadas, devido ao fato do regime de metas utilizar a taxa básica de juros como instrumento fundamental da política monetária para o controle dos preços. A respeito do produto nacional, constatamos que este manteve sua trajetória de stop and go, e que a ação da política monetária sobre a demanda agregada é imediata, ou seja, ocorre prontamente no mesmo trimestre que a alteração da taxa Selic, diferente do que é preconizado na literatura econômica, que afirma existir uma defasagem temporal de seis a nove meses para a ação da política monetária. Conseqüentemente, ao incidir sobre o crescimento do PIB, a política monetária das metas de inflação afetou também, ainda que indiretamente, o volume de emprego. Deste modo, a política monetária restritiva do regime de metas conseguiu controlar a inflação, em troca da manutenção de uma alta taxa de desemprego. Por fim, a dívida pública interna também sofreu efeitos negativos, haja vista que parte desta dívida é indexada à taxa Selic. Desta forma, um aumento na taxa Selic eleva os juros pagos aos detentores de títulos públicos onerando ainda mais o setor público.
Abstract: The aim of this study was to study the inflationary targets system and its adoption by Brazil, since 1999, and the results achieved by 2009. Moreover, the study also analyze the dichotomy that the inflation targeting regime presents regard to its relatively good performance in terms of controlling the price level and its difficulty in concealing this positive result on real macroeconomic variables: Gross Domestic Product, unemployment rates and public debt. According to the analysis, it was found that the goals were met in seven years, among the ten years of the regime (1999-2009). This result shows that the targeting system was successful in its inflation control main goal. However, this result proved to be contradictory in relation to the actual performance of the economy, according to selected variables, due to the fact that the targeting system uses the basic interest rate as a main instrument of monetary policy to control prices. Regarding domestic product, we found that it maintained its stop and go trajectory, and that the action of monetary policy on aggregate demand is immediate, i.e., it readily occurs in the same trimester of the Selic rate changes, differently from what is recommended in the economic literature, which says that there is a lag of six to nine months for monetary policy action. Consequently, by affecting the GDP growth, the monetary policy of inflation targeting also affected, albeit indirectly, the employment rates. Thus, the restrictive monetary policy of inflation targeting regime managed to control inflation, in exchange of maintaining a high rate of unemployment. Finally, the internal public debt has also suffered adverse effects, considering that part of this debt is indexed to the Selic rate. Thus, an increase in the Selic rate raises the interest paid to holders of government bonds further burdening the public sector. |