Resumo: Esta investigação emergiu das minhas experiências acadêmico-profissionais, tanto em relação ao universo da enfermagem oncológica e dos cuidados paliativos, quanto à minha aproximação com a música. Trata-se de um estudo qualitativo fenomenológico estruturado na analítica existencial de Heidegger, que objetivou desvelar a percepção de clientes e familiares que vivenciam o câncer em uma casa de apoio, em relação aos encontros musicais. A região de inquérito ou região ontológica foi a subjetividade latente nas vivências dos usuários da casa de apoio da Rede Feminina de Combate ao Câncer de Maringá. Durante os meses de janeiro e fevereiro de 2011, realizei oito encontros musicais às segundas-feiras, com início às 17h30min e duração média de 1h30min. Nesse período, 33 usuários integraram os encontros musicais (20 pacientes e 13 familiares), mas somente 12 (7 pacientes e 5 familiares) foram sujeitos de pesquisa, por participarem no mínimo de três encontros, critério de inclusão pré-estabelecido. Buscando compreender este fenômeno, formulei a seguinte questão norteadora: O que esses encontros musicais representam para você neste momento de sua vida? O projeto de pesquisa foi apreciado e aprovado pelo Comitê Permanente de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos (Copep) da Universidade Estadual de Maringá - UEM (Processo n°. 614/2010), por contemplar os aspectos éticos disciplinados pela Resolução 196/96 do CNS-MS. Esta investigação permitiu-me depreender que os encontros musicais inspiraram vida aos dias dos seres evidenciados, imprimindo-lhes a sensação de cuidado, ou seja, re-significaram o existir-no-mundo-com-câncer e o co-existir-no-mundo com ele, dando sentido à razão de estarem-na-casa-de-apoio. Assim, a supereminência da música intermediou a co-pre-sença entre os usuários, viabilizando a interação social, o entretenimento e o compartilhar de experiências, expectativas e estratégias de enfrentamento, isto é, a possibilidade de estar-com-o-outro em sua temporalidade existencial com o câncer. Nesse ínterim, vivenciei a concretização da minha intenção paliativista de humanizar o cuidado de enfermagem, confortar, aliviar a dor e o sofrimento daquelas pessoas, contribuindo para a sua qualidade de vida.
Abstract: Current investigation is the result of the author's academic and professional experiences with regard to cancer patients' nursing and palliative care-giving and interests in Music. Research is based on a phenomenological qualitative study in Heidegger's existential analysis. Research is aimed towards patients and their families that experience the trauma of cancer in a clinic and musical venues held thereby. The ontological sector comprised the hidden subjectivity in the experience of patients in the Women's Clinic against Cancer in Maringá PR Brazil. Eight musical venues were held on Mondays, approximately between 5.30 pm and 7 pm during January and February 2011. Thirty-three subjects (20 patients and 13 family members) participated in the musical venues although only 12 (7 patients and 5 family members) were interviewed. They were chosen because of a pre-established criterion comprising participation in at least three encounters. The following basic question was presented so that the phenomenon might be understood: What do these musical venues represent to you at this specific moment in your life? Research project was appreciated and approved by the Ethics Committee in Research on Humans (Copep) of the State University of Maringá (Process 614/2010), since it deals with ethical aspects regulated by Decree 196/1996 of CNS-MS. Investigation revealed that musical venues inspired a zest for life of the subjects concerned and gave them a sensation of care, or rather, a re-meaning in being-in-the-world-with-cancer and in the co-existing-in-the-world with cancer, and thus, a meaning in-being-in-a-cancer-clinic. Music super-eminence mediated the co-presence of subjects, making feasible social interactivities, entertainment, experience-sharing, expectation and strategies of facing the disease. In other words, it made possible the being-with-the-other in the existential temporality with cancer. The author's palliative intention to humanize nursing care, giving comfort, minimizing suffering to terminal illness people and their relatives and thus, and contributing towards improvement of their life quality, was thus materialized. |