Resumo: Investigar o trauma de sobreviventes de grandes atrocidades, como o extermínio de judeus - a Shoah - durante a Segunda Guerra Mundial, e que narraram suas experiências de sobrevivência, mas cometeram suicídio posteriormente, dando destaque aos destinos para o excesso pulsional. Seguindo a trilha da Teoria da Sedução Generalizada (TSG) de Jean Laplanche, iniciamos a investigação a partir da vivência traumática, da produção da literatura de testemunho em geral e caminhamos em direção à singularidade das vivências traumáticas de três sobreviventes que cometeram suicídio, a saber, Primo Levi, Jean Améry e Bruno Bettelheim. As vivências dos sobreviventes do Lager foram marcadas pela sexualidade intromissiva do outro externo e na leitura da narrativa de cada um dos autores pudemos verificar as elaborações psíquicas da invasão sofrida; em Primo Levi, a culpa pela sobrevivência e obrigatoriedade em testemunhar em nome dos mortos; em Jean Améry, a invasão das fronteiras do ego e o suicídio como liberdade à intromissão do outro e, por fim, em Bettelheim, o suicídio como autonomia. Ao final, propomos três hipóteses para o suicídio dos sobreviventes: o desligamento que ocorre na narrativa em função do processo tradutivo deixaria o ego vulnerável; o suicídio seria um ato-mensagem diante da dificuldade em traduzir; e o suicídio como enigma para a humanidade.
Abstract: This study investigated the trauma of survivors of major atrocity, such as the extermination of Jews - the Shoah - during World War II, and who narrated their experiences of survival but later committed suicide, highlighting the destinations for the pulsional excess. The investigation follows the trail of the Generalized Theory of Seduction (TSG) of Jean Laplanche. The work starts by relating the traumatic experience and production witness literature in general and it continuous walking to the individual experiences of three survivors who committed suicide or, namely, Primo Levi, Jean Amery and Bruno Bettelheim. The experiences of the Lager's survivors have been marked by intromissive sexuality of the other and by reading the narrative of each author whose we are able to verify in the psychic elaborations of the suffered invasion. In Primo Levi's narrative, we highlight the guilt for survival and obligation to witness on behalf of the dead; in Jean Amery's narrative, we see the invasion of boundaries ego and the suicide as the freedom in front of the intrusion of other; and, finally, in Bettelheim's narrative, we see the suicide as autonomy. At the end, we propose three hypotheses for the suicide survivors: the shutdown that occurs in the narrative, result of the translation process, and it leave the ego vulnerable; the suicide would be an actmessage because of the difficulty in translating; and that the suicide as an enigma for the humanity. |