Resumo: Este estudo, vinculado ao Grupo de Pesquisa "Interação e Escrita" (UEM-CNPq - www.escrita.uem.br) e SEED-Paraná, destaca uma prática de avaliação de leitura muito presente nas salas de aula, as perguntas de leitura, que, embora sejam recorrentes em todas as disciplinas, não se efetivam como eficientes no processo de ensino e aprendizagem. O trabalho realizado no 6º ano do Ensino Fundamental de uma escola pública de Maringá, no Noroeste paranaense, objetivou demonstrar como é possível alterar as tradicionais perguntas de leitura, que normalmente figuram no livro didático, construindo questionamentos pertinentes, que levam o aluno a refletir sobre suas construções de sentidos e discutir o assunto do texto de forma autônoma e crítica. No intuito de atingir o objetivo, partiu-se das perspectivas sobre leitura, centradas nos estudos da Linguística Aplicada e da prática escolar de leitura, pressupostos discutidos por Dell'Isola (1996), Solé (1998), Colomer & Camps (2002) e ampliados por Menegassi (1995; 2010; 2011), o qual ressalta a necessidade dessa proposta como parte do processo de desenvolvimento do leitor na escola, para a construção do sentido, fator determinante a qualquer leitura em sala de aula. O trabalho também se pauta sob o respaldo das teorias de Bakhtin (2003) e Bakhtin/Volochinov (2004), que veem a linguagem como um produto sócio-histórico, como lugar de "inter-ação" entre sujeitos sociais, coparticipantes da construção do contexto ideológico no qual convivem. Nesse sentido, as práticas de leitura levadas para a sala, mediadas pelo professor, precisam tornar-se atividades bem planejas e com objetivos que sejam sustentados por uma teoria que proporcione ao aluno uma verdadeira interação e tomadas de posição diante do texto. Para que isso se efetive, o estudante precisa ser preparado para constituir-se como leitor e escritor autônomo no seu próprio processo de ensino-aprendizagem. Nesse procedimento, as perguntas de leitura precisam construir reflexões eficazes, direcionando o estudante no momento complexo de criação de sentidos, usando as etapas de leitura para atingir os sentidos textuais, a partir de um processo crescente de dificuldades, começando no nível mais elementar, da decodificação, a fim de evoluir para a compreensão, até chegar ao nível mais elaborado, o da interpretação, em que o seu contexto social reflete a leitura. Além disso, na sala de aula, o processo se completa quando, ao produzir um texto-resposta para as perguntas, os alunos atentarem para a construção completa do enunciado, que consiste inicialmente no resgate da temática, completando com a reflexão realizada para responder à indagação que apresenta como resposta. Após esse processo, o aluno certamente passa pela última etapa da leitura, a retenção. Por se tratar de uma pesquisa que coleta dados no contexto natural de ensino, o experimento pode ser definido como pesquisa-ação de cunho qualitativo. Além disso, envolve a descrição de dados alcançados a partir da imersão do pesquisador com o foco pesquisado; enfatizando mais o processo do que o produto. Dessa forma, esse processo permite ao pesquisador se autoavaliar, provocando transformações em sua prática na sala de aula. Os resultados das análises demonstram que a ordenação e sequenciação de perguntas, assim como as ações do professor, na mediação, na maior parte do tempo, contribuem para um desempenho satisfatório do estudante, desenvolvendo-lhe autonomia e criticidade leitora.
Abstract: Current analysis, linked to the Research Group "Interaction and Writing" (UEM-CNPq - www.escrita.uem.br and SEED-Paraná, Brazil), highlights a writing evaluation practice present in all classrooms, namely, questions on reading. Although extant in all school subject-matters, they are not efficient in the teaching and learning process. Current experiment was conducted with students of the Sixth Year of Basic Education in a government-run school in Maringá, in the northern region of the state of Paraná, Brazil. It demonstrated how it is possible to change the traditional questions on reading, usually underscored in textbooks, by constructing relevant questioning which make the students reflect on the construction of meaning and discuss the text´s theme in an autonomous and critical manner. Analysis was foregrounded on reading perspectives within Applied Linguistics and school reading practice investigated by Dell'Isola (1996), Solé (1998), Colomer & Camps (2002) with further discussions by Menegassi (1995; 2010; 2011). The latter underscores the need of the proposal as part of the development process of the reader in the classroom so that meaning building could be undertaken, actually a determinant factor in any reading in the classroom. Current research is also based on theories by Bakhtin (2003) and Bakhtin/Volochinov (2004) who conceive language as a social and historical product, as an 'inter-action' space between social agents, co-participating in the construction of the ideological context in which they inhabit. Teacher-mediated reading practices in the classroom should be transformed into well-planned activities with aims foregrounded by a theory that provides the students with real interactivities and position-making when dealing with the text. Students should therefore be prepared to be independent readers and writers within their own teaching-learning process. Consequently, questions on reading should build true reflections within the process and lead the students during the highly complex period of meaning building. The latter comprises reading stages to reach textual meanings through a progressive process in difficulties, starting from the most elementary level of de-codification, through comprehension, to the most elaborated level of interpretation in which their social context replicates their reading. Further, in the classroom, the process is complete when the students produce a response-text for the questions and attempt the complete construction of the enunciation. Initially the latter consists of a recovery of the theme but completes itself by reflections to answer the investigation that boils down into a response. After the above process, students will surely experience the last stage in reading, or rather, retention. Current qualitative research-activity collects data within the natural teaching course and involves data description through the researcher´s immersion within the researched focus, with more emphasis on the process than on results. In fact, the process is a help in the researchers´ self-evaluation and triggers transformations in classroom practices. Results show that the order and sequences of the questions coupled to the mediating teachers´ activities contribute towards the satisfactory performance of student s through the development of their reading autonomy and critical reading capacity. |