Resumo: O farelo de linhaça (FL) é uma rica fonte de antioxidantes, e ruminantes são capazes de converter lignanas em lignanas mamíferas no rúmen. Entretanto, poucas informações estão disponíveis sobre os efeitos da suplementação com FL sobre indicadores do perfil oxidativo de vacas leiteiras, sobre a produção de enterolactona (EL) e suas correlações entre os distintos fluidos corporais quando vacas são então alimentadas com FL, e quais bactérias poderiam ser responsáveis pela conversão de SDG em EL no rúmen. Oito vacas da raça Holandesa, canuladas no rúmen, foram usadas em um experimento em duplo quadrado Latino, com quatro períodos experimentais de 21 dias cada, com as seguintes dietas:controle, sem FL; e dietas contendo 5, 10 e 15% de FL, com base na matéria seca. A primeira abordagem foi a avaliação do perfil oxidativo. A produção de TBARS foi menor no leite de vacas alimentadas com 5 e 10% de FL. Não foi observado efeito de tratamento sobre a produção de TBARS no plasma e no líquido ruminal, nem sobre a atividades equestrante do DPPH no leite, no plasma e no líquido ruminal, ambas somente decrescendo após a alimentação. A atividade da glutationa peroxidase aumentou no plasma de acordo com a suplementação de FL. Os tratamentos não apresentaram efeito sobre a atividade da superoxido dismutase no leite, plasma e líquido ruminal. A atividade da catalase não foi modificada no leite e no líquido ruminal, e não apresentou resultados consistentes no plasma, uma vez que vacas alimentadas com 5 e 10% de FL aumentaram sua atividade; porém, a suplementação com 15% de FL apresentou resultado semelhante à dieta controle. Os dados sobre o perfil de fermentação ruminal mostraram que a concentração de EL na urina, no líquido ruminal, no leite e no plasma aumentou linearmente de acordo com a inclusão de FL na dieta. Os coeficientes de correlação de Spearman foram significantes para todas as comparações, exceto para apenas uma tendência observada entre a concentração de EL na urina e no fluído ruminal anterior à alimentação. A mais alta correlação foi observada entre a concentração de EL no fluído ruminal 2h após a alimentação e sua concentração no leite. A inclusão de níveis crescentes de FL na dieta, a qual resultou em maior ingestão de lignanas, não teve efeito sobre a atividade da ß-glicuronidase no fluído ruminal e nas fezes. Comparativamente ao observado para animais não-ruminantes, os resultados do presente experimento sugerem que a atividade da ß-glicuronidase no fluído ruminal tem menor importância no processo de absorção de EL e sua transferência ao leite e outros fluídos corporais. Finalmente, a terceira abordagem foi a identificação de potenciais bactérias que poderiam exercer um papel naconversão de lignanas em enterolactona. A concentração do total de genes bacterianos 16SrDNA obtidos com Q-PCR não diferiram entre os tratamentos. Os dendogramas para PCRT-RFLP não revelaram agrupamentos óbvios da microbiota com base em dieta. Porém, osdendogramas de PCR-DGGE mostram um agrupamento por dieta, para quatro animais. As bandas presentes no DGGE de acordo com a suplementação com 15% de FL (portantoausentes no tratamento controle) foram sequenciadas, e as bactérias identificadas (nãocultivadas)pertenceram às famílias Succinivibrionaceae, Alphaproteobacteria, aos gêneros Prevotella, Succinivibrio, Lachnospiraceae, Bacteroidales, Anaerovorax e às cepas de Fibrobacter succinogenes, e H23 da F. succinogenes, as quais podem exercer um papel na conversão das lignanas em enterolactona. Os resultados sugerem que a suplementação com FL pode melhorar o perfil oxidativo de vacas no terço médio para final de lactação, pelo aumento da atividade da glutationa peroxidase no plasma dos animais. Adicionalmente, as características de fermentação ruminal mostraram que o pH não limitou o processo de conversão de SDG em EL. Futuras pesquisas se fazem necessárias para proporcionar melhor entendimento sobre a absorção de EL pelos ruminantes, aumentando então sua transferência para o leite. Além disso, esse estudo forneceu informações sobre quais bactérias podem ser potencialmente investigadas por seu papel na produção de EL.
Abstract: Flax meal (FM) is a rich source of antioxidant, and ruminants are able to convert lignans into mammalian lignans in the rumen. However, little information is available on the effects of flax meal supplementation on indicators of oxidative stress in dairy cows, the EL production and the correlation of its concentration among milk and other body fluids when cows were fed flax meal, and which ruminal bacterial would be responsible for SDG conversion into EL in the rumen. Eight rumen cannulated cows were used in a double 4 x 4Latin square design, with four 21-d experimental periods, and fed: a control with no flax meal (FM), and diets with 5%, 10% and 15% FM (on dry matter basis). In a first approach, the oxidative profile was evaluated. The production of TBARS was lower in the milk of cows fed 5FM and 10FM. There was no treatment effect on TBARS production in plasma and ruminal fluid although there was a time effect as shown by the decrease post-feeding in both plasma and ruminal fluid regardless of treatment. DPPH scavenging activity in milk, plasma and ruminal fluid was similar among treatments and decreased overtime for all treatments. GPx activity increased in plasma with FM supplementation. Treatment had no effect on SOD activity in milk, plasma and ruminal fluid. Catalase activity was not modified in milk and ruminal fluid, and did not show consistent results in plasma, because when cows were supplemented with 5 or 10% of FM, CAT activity was increased; however, the inclusion of 15% of FM was similar to the control diet. Regarding the data of ruminal fermentation, Concentrations of EL in urine, ruminal fluid, milk and plasma increased linearly with FM supplementation. Spearman?s correlation coefficients were significant for all comparisons except that only a trend was observed between concentration of EL in urine and that in ruminal fluid before feeding. The highest correlation was observed between EL concentration in ruminal fluid 2 h after feeding and that in milk. Feeding increased proportions of FM in the diet, which may have resulted in greater intake of lignans, had no effect on ß-glucuronidase activity of ruminal fluid and faeces. Unlike to what is observed in non-ruminant animals, results of the present experiment may suggest that the activity of ß-glucuronidase in the rumen is of little importance for the absorption of EL and its transfer in milk and other physiological fluids. Further studies are required to better understand and improve EL production and absorption, which could contribute to enhance animal health and the transfer of antioxidant components in milk. Finally, the third approach was to identify bacterial taxa that potentially play a role in the conversion of plant lignans into enterolactone. The concentration of total bacterial 16S rDNA genes obtained using Q-PCR did not differ among treatments. PCR-T-RFLP based dendrograms revealed no obvious global clustering of the microbiota based on diet. PCR-DGGE did however show clustering by diet within four cows. Bands present following feeding of 15% FM and absent when no FM was fed were sequenced. Sequences revealed that uncultured bacteria belonging to the families Succinivibrionaceae, Alphaproteobacteria and genera Prevotella Succinivibrio, Lachnospiraceae, Bacteroidales, Anaerovorax and strain of Fibrobacter succinogenes, and strain H23 of F. succinogenes may play a role in the conversion of plant lignan into enterolactone in the rumen. Altogether, the results suggest that FM supplementation could improve the oxidative status of Holstein cows in mid to late lactation as suggested by increased GPx activity in plasma. In addition, the ruminal fermentation characteristics and EL production, showed that ruminal pH around 6 is not limiting in the process of EL conversion. The higher correlation observed between ruminal fluid and milk than between plasma and milk, suggest that the rumen may have major contribution to EL concentration in milk than plasma. Future research is needed to provide better understanding of the absorption of EL by ruminants, then increasing its transference into the milk. Furthermore, this study provided information about which bacteria can potentially be investigated for its role in EL production. |