Resumo: São múltiplas as documentações iconográficas que retratam as populações indígenas no Brasil, contudo grande parte desta produção foi realizada a partir da perspectiva do colonizador, tendo em vista os interesses de uma dada conjuntura. Compreendendo o corpo indígena como alvo desses olhares, o objetivo desta pesquisa consiste em investigar a construção da imagem do corpo Kaingang no século XVIII, a partir da análise da sequência de 40 iconografias atribuídas a Joaquim José de Miranda, anexadas ao documento escrito por Afonso Botelho de S. Paio e Sousa, referente a décima expedição organizada aos sertões do Tibagi e Campos de Guarapuava, nos anos de 1771-1772. Para tal buscamos o diálogo entre os conhecimentos da área de Artes Visuais e Educação Física condizente com a temática por meio de aproximações dos estudos de imagem e corpo. Nesta pesquisa foi possível constatar que o corpo está situado nas relações de poder, especificamente os corpos indígenas receberam uma atenção especial dos colonizadores, visando suas características e potencialidades a seu favor desde os primeiros contatos entre estas populações no século XVI. Na dada conjuntura o corpo Kaingang no século XVIII, além de ser ponto de fronteira das relações de contato entre militares e Kaingang, foi visualizado como ponto de estratégia bélica para ser utilizado a favor dos interesses coloniais deste período. As imagens a respeito deste corpo foram produzidas a partir da lógica militar, no momento em que a imagem era concebida como um meio de se projetar algo, isto é, os traçados e riscos eram designados a um intuito, ocorrendo uma estreita relação entre o desenho e os interesses políticos. Perante a estas considerações esta pesquisa constitui uma parte da história iconográfica do corpo Kaingang, auxiliando na compreensão histórica e nas demandas educacionais a respeito desta conjuntura.
Abstract: There are multiple iconographic documentation that portray indigenous peoples in Brazil, however much of this production was performed from the perspective of the colonizer, in the interests of a situation. Understanding the indigenous body as a target of those looks, the objective of this research is to investigate the construction of body image Kaingang in the eighteenth century, from the sequence analysis of 40 iconography attributed to José Joaquim Miranda, attached to the written document by Afonso Botelho S. Palo and Sousa, referring to the tenth expedition organized hinterlands of Tibagy and Guarapuava Fields, in the years 1771-1772. To this end, we seek dialogue between knowledge of the area of Visual Arts and Physical Education befitting the theme through approximations of imaging studies and body. In this research it was established that the body is situated in power relations, specifically indigenous bodies received special attention from settlers, seeking its features and capabilities in their favor since the first contacts between these populations in the sixteenth century. In the given situation Kaingang body in the eighteenth century, and is border point of contact relationships between the military and Kaingang , was viewed as a point of war strategy to be used in favor of the interests of the colonial period. Images about this body has been produced from the military logic , at the time the image was conceived as a means to design something traits and lines were assigned to one end, place a close relationship between the design and political interests . In view of these considerations, this research is a part of the iconographic history of Kaingang body, aiding in historical understanding and educational demands regarding this situation. |