Resumo: A partir do momento do nascimento, os seres humanos dependem do outro para sobreviver e se constituir enquanto sujeito. Freud (1930/2010) já apontava para esta dimensão de interdependência entre os indivíduos e que esta interdependência além de natural e saudável, constituía o âmago da sociedade humana. Aparentemente o que podemos perceber na contemporaneidade, no entanto, é uma destruição dessa relação de vínculos afetivos onde haja reciprocidade nas trocas amorosas. Para Adorno & Horkheimer (2011) cada vez mais os indivíduos estão sendo manipulados pela indústria cultural e levados a consumir produtos mercadológicos na busca de satisfação que deveria obter com os objetos adequados aos seus desejos. Bauman (2008) aponta que este consumo de bens padronizados, além de igualar a todos os indivíduos em uma massa amorfa, transforma-os e as suas relações em coisas, em mercadorias. Segundo Türcke (2012) na contemporaneidade não ocorre mais a troca afetiva como em períodos anteriores da história, mas o consumo da imagem de uma mercadoria propagada midiaticamente via indústria cultural que, embora seja oferecido como um produto para satisfação imediata, não satisfaz, ao contrário, mergulha o indivíduo novamente no desamparo, fazendo com que ele se apegue cada vez mais à mentira das novas ofertas da indústria cultural. Seguindo por essa linha, encontramos no fetichismo, tal qual descrito por Safatle (2010), uma resposta socialmente induzida ao desamparo humano. De acordo com Birman (2003) uma outra possibilidade frente ao desamparo pode ser encontrada nas relações amorosas, esta outra forma, possibilita desde o nascimento humano uma saída frente ao estado do desamparo.
Abstract: This paper aims to point out the interdependence between individuals. From the moment of birth, humans depend on each other to survive and be constituted as a subject. Freud (1930/2010) already pointed to this dimension of interdependence between individuals, and that this interdependence, as well as natural and healthy, constituted the core of society. Apparently, what we can notice in the contemporaneity, however, is a destruction of these affective bonds of relationship where there is reciprocity in loving exchanges. For Adorno & Horkheimer (2010) more and more individuals are being manipulated by the culture industry. They were taken to consume marketing products in search of satisfaction, which should obtain with the appropriate objects to their wishes. Bauman (2008) points out that the consumption of standardized goods, in addition to leveling all individuals in an amorphous mass, transforms them and their relations in things, in products. According to Turcke (2012), in the contemporaneity there is no occurrence of affective exchange as in earlier periods of history. Nevertheless, the consumption of the product image propagated by the media via cultural industry which is offered as goods for immediate gratification does not satisfy. On the contrary, plunges the individual back into helplessness, making this individual, increasingly cling to the lie of new offerings of the cultural industry. Following this line, we find fetishism, as described by Safatle (2010), a response to socially induced helplessness. According to Birman (2003), another possibility before helplessness can be found in loving relationships, which enables, since the human birth, a way out before the state of helplessness. |