Resumo: Metacomunidades existem quando há possibilidade de migração de espécies entre ambientes interconectados. Analisaram-se padrões de montagem em configurações do mosaico com maior ou menor conectividade, além da interferência do homem. Usou-se como modelo uma série temporal fragmentada (1987-2012) de metacomunidade de peixes da planície de inundação do alto rio Paraná. Determinaram-se as configurações de cheia, com vias de dispersão, de seca, com ambientes individualizados e de perturbações antropogênica, implantação de usinas hidrelétricas. Testou-se a hipótese de que nas secas, existe padrão divergência funcional na montagem, enquanto nas secas e perturbações antropogênica, a convergência funcional determina a montagem da metacomunidade. Testaram-se os valores de Redundância Funcional (RF) e Diversidade Funcional (DF), assim como os traços funcionais mais influentes no processo. Avaliou-se a correlação as matrizes: B - traços funcionais fuzzy weighting; W - composição das comunidades locais (dados binários) e; E- gradiente ambiental (eixo1 PCoA variáveis ambientais por local/tempo). Analisou-se a correlação de RF com diversidade de Simpson (rRFxSIMP), DF (Rao) e determinou-se os traços funcionais mais influentes através de aleatorizações entre linhas da matriz B para encontrar as correlações máximas com os padrões encontrados. Nas cheias foram encontradas convergência e divergência, porém, nenhum padrão significativo nas outras configurações. rRFxSIMP diminuiu temporalmente em todas as configurações, assim como DF, principalmente nos rios, apesar do aumento do número de espécies. Os traços mais influentes foram sedentarismo, cuidado parental e desova anual nas lagoas; migradores, sem cuidado parental e bentopelágicas nos rios. Os resultados obtidos responderam parcialmente a hipótese inicial e indicaram que as metacomunidades organizam-se de forma diferente segundo sua configuração. Nas cheias as vias de dispersão existentes direcionam um padrão de na montagem porque interações entre as espécies são mais fracas, mas o padrão desaparece nas secas e nas perturbações antropogênicas devido a forças opostas de estruturação. Detectou-se efeito cumulativo dos impactos antropogênicos sobre a estabilidade das comunidades e o enfraquecimento das vias de dispersão, rios, ao longo do tempo. Portanto, conclui-se que as vias de dispersão organizam a montagem da metacomunidade e que a ausência delas aleatoriza este processo, mantendo os ambientes da paisagem individualizados.
Abstract: The metacommunities assembly rules depend on the dispersion pathways in landscape. Our aim was to analyze assembly rule patterns in different metacommunities configurations defined by the dispersion possibility. We choose an extensive (25 years) dataset from a tropical floodplain fish metacommunity as a model to tested the hypothesis that assembly rules are different in this three configuration: in dry season (low dispersion) and anthropogenic (dams) assembly rules are determined by traits convergent patterns, meanwhile in flood season traits divergent patterns rules. Moreover, we measured the most influential traits in the process for each configuration. For this, we correlated three matrices: B - functional fuzzy weighting traits; W - local composition (binary data) and; E- environmental gradient (axis1 PCoA). In addition, we analyzed Spearman correlation between Functional Redundancy and species diversity (rFRxSD), Functional Diversity (DF) (Rao entropy) and determined the most influential functional traits (randomizations among B lines to find the maximum correlation with the patterns). We found no patterns in dry and anthropogenic configurations, yet both convergence and divergence patterns in flood. rRFxSIMP decreased temporarily in all configurations. DF decrease along the time especially in rivers (dispersion pathways). The most influential traits were sedentary, parent care and annual spawning in lakes; migratory, no parental care and Benthopelagic in rivers. Our results partially confirmed our hypothesis and suggested that metacomunidades are organized differently according to its configuration. In full the existing dispersal routes directing a pattern of the assembly because interactions between species are weaker, but the pattern disappears in drought and in anthropogenic disturbances due to the opposing forces structuring. In addition, it detected cumulative effect of anthropogenic impacts on the stability of communities and the weakening of dispersal routes, rivers, over time, in addition to confirming the different functions of landscape elements in metacomunidades. We therefore conclude that the dispersal routes organize the assembly of the meta community and that their absence randomizes this process keeping the individualized landscape environments. And recommended that time series are to be analyzed and that the taxonomic and functional diversity need to be evaluated when communities are studied in dynamic landscapes. |