Resumo: Avaliar o efeito do álcool etílico diluído e dinamizado em diferentes potências sob os aspectos clínicos e parasitológicos de camundongos Swiss infectados pela cepa Y de Trypanosoma cruzi. O experimento foi realizado como ensaio cego, controlado e randomizado por sorteio. Foi aprovado pelo Comitê de Ética no Uso de Animais da Universidade Estadual de Maringá (062/2014). O estudo envolveu 80 camundongos Swiss machos, com oito semanas de idade, sendo que 68 animais foram inoculados intraperitonealmente com 1400 formas tripomastigotas sanguíneos da cepa Y de T. cruzi e divididos em grupos: CI - 17 animais infectados e não tratados; três grupos de 17 animais cada tratados com álcool de cereais diluído e dinamizado em diferentes potências: 1CH (1:101), 6CH (1:1012) e 30CH (1:1060). Outro grupo de 12 animais não infectados e não tratados (CNI - controle sadio), mantido nas mesmas condições, foi utilizado para comparação dos parâmetros clínicos. Todos os tratamentos foram oferecidos ad libitum, 48 horas antes e após a infecção, seguido por doses a cada 56 horas, até o 9º dia de infecção, por 16 horas ininterruptas. Foram avaliados: Parâmetros Clínicos (peso, temperatura, água, ração e produção de excretas), Parâmetros Parasitológicos (período pré-patente, período patente, pico de parasitemia, parasitemia total e parasitemia média durante a curva), Sobrevida e Mortalidade. O nível de significância adotado foi de p<0.05. O álcool etílico dinamizado apresenta efeitos biológicos mensuráveis sobre a infecção murina por T. cruzi. As diferentes potências testadas (1CH, 6CH e 30CH) causaram efeitos distintos nos camundongos infectados. Os efeitos foram mais benéficos na potência 1CH, intermediários na 6CH e prejudiciais na 30CH. A menor potência (1CH) induziu os melhores prognósticos clínicos, com aumento de peso e manutenção da temperatura (p<0.05), maior consumo de água, ração e produção de excretas em relação ao CI, e parasitológicos, com os menores índices parasitêmicos (Pico Máximo, Parasitemia média durante a Curva e Parasitemia Total), refletindo na sobrevivência significativamente maior (p<0.05) em relação ao 30CH e CI. O tratamento com a potência maior (30CH) piorou o estado clínico dos animais, com maiores índices nos parâmetros parasitológicos, resultando em maior mortalidade e menor sobrevida. A potência 6CH promoveu efeitos intermediários às duas potências anteriores sem melhoras 31 clínicas e parasitológicas porém com sobrevivência significativamente maior (p<0.05) que a dos camundongos do grupo controle de infecção, não excluindo a possibilidade dela conseguir influenciar algum outro marcador importante de resistência, não identificado neste estudo. O álcool etílico dinamizado altera a evolução natural da infecção por T. cruzi não podendo ser considerado como insumo inerte nas preparações homeopáticas aqui utilizadas. Os resultados sugerem que o efeito observado para insumos ditos ativos diluídos em álcool devem ser analisados com cautela, podendo o álcool ou ainda a mistura insumo ativo mais álcool interferirem nestes efeitos, obrigando a inclusão de controles não tratados nos protocolos experimentais onde o álcool tenha sido utilizado como controle.
Abstract: Evaluate the effect of diluted and dynamized ethanol in different potencies under the clinical and parasitological parameters of Swiss mice infected by Trypanosoma cruzi Y strain. The experiment was conducted as a blind assay, controlled, randomized by draw. It was approved by the Ethics Committee on Animal Use of Universidade Estadual de Maringá (062/2014). The study involved 80 male Swiss mice, eight weeks old, wherein, 68 animals were intraperitoneally inoculated with 1400 typomastigotes blood forms of the T. cruzi Y strain and divided in groups: IC - 17 animals infected and untreated; Three groups of 17 animals each treated with grain alcohol diluted and dynamized in different potencies: 1CH (1: 101), 6CH (1: 1012) and 30 CH (1: 1060). Another group of 12 uninfected animals and untreated (CNI - healthy control group), maintained under the same conditions, was used for comparison of clinical parameters. All treatments were offered ad libitum, 48 hours before and after the infection, followed by doses every 56 hours, until the 9th day after infection, for 16 uninterrupted hours. Were evaluated: Clinical parameters (weight, temperature, water, feed and production of excreta); Parasitological parameters (pre-patent period, patent period, peak maximum of the parasitaemia, total parasitaemia and average parasitaemia during the curve); Survival time and Mortality rate. The significance level was set at p<0.05. The dynamized ethyl alcohol presented measurable biological effects on murine T. cruzi infection. The different potencies tested (1CH, 6CH and 30CH) induced different effects in the infected mice. The effects were more beneficial in 1CH potency, intermediaries for 6CH and harmful in 30CH. The lower potency (1CH) brought the best prognosis clinical, with increased weight and maintaining the temperature (p<0.05), increased water consumption, feed and excreta production compared to the IC, and parasitological, with the lowest parasitemia rates (maximum peak, average parasitaemia during the curve and total parasitaemia), reflecting significantly higher survival time (p<0.05) compared to 30cH and IC. The treatment with the higher potency (30CH) worsened the clinical condition of the animals with the highest numbers of the parasitological parameters, resulting in higher mortality and lower survival time. The 6CH potency promoted intermediate effects to the previous two potencies without clinical and parasitological 33 improvement but with significantly higher survival time (p<0.05) than the mice in the control group of infection, not excluding the possibility of it could influence some other important marker of resistance, not identified on this study. The dynamized ethyl alcohol changes the natural course of infection by T. cruzi, and can not be considered as an inert ingredient in homeopathic preparations used herein. The results suggest that the effect observed for active ingredients diluted in alcohol should be carefully analyzed, although the alcohol or the active ingredient mixture more alcohol interfere these effects, requiring the inclusion of untreated controls in experimental protocols in which the alcohol has been used as control. |