Resumo: A relação fraterna, além de ter sua participação no processo de constituição do sujeito, possibilita aos seus membros uma experiência emocional única, tendo uma representação distinta para cada um dos frátrios, como também o desenvolvimento de individualidades singulares mesmo quando oriundas de uma mesma criação na linguagem dos pais. A mitologia grega, por sua vez, revela por meio das construções trágicas, aspectos do psiquismo humano que contribuem com o pensamento psicanalítico, como o percurso do herói trágico que oscila do polo normativo ao transgressor em sua jornada. Esta dissertação, que adota o método psicanalítico de investigação, direciona o olhar para as relações fraternas duais que desenvolvem em sua dinâmica um posicionamento oposto, tendo como objetivo compreender se dentro desta oposição é possível identificar um irmão que tenha em seu psiquismo o predomínio de aspectos normativos e outro em que prevaleçam aspectos transgressores. Trata-se, portanto, de um trabalho que articula mitologia grega e psicanálise vislumbrando um caminho que primeiramente resgata conceitos como a função fraterna e o complexo fraterno, tecendo aproximações entre ambos para, em seguida, percorrer por elementos como a rivalidade e competição, inveja e ciúme, o bom relacionamento e aspectos narcisistas ligados à fratria. Por fim, são apresentadas análises arquitetadas sob as vertentes intra e intersubjetivas, tendo as tragédias gregas Antígona, de Sófocles (s.d./2005), Os sete contra Tebas, de Ésquilo (s.d./2007), e As Fenícias, de Eurípedes (s.d./2005) como material para se pensar a questão levantada acerca da relação fraterna.
Abstract: The fraternal relationship, besides taking part into an individual1s formation, makes an emotional experience possible to its members, having for each part of this relationship a different representation, as well as the development of unique individualities, even though having the same upbringing in their parent's view. Furthermore, the Greek mythology reveals, by its tragic constructions, aspects of the human psychism, which contribute with the psychoanalytical thinking, as the tragedy`s hero course swings between the normative and the transgressive space within his own path. This paper, which embraces the psychoanalytical method and refers to the dual fraternal relationship, developing in its own dynamic an antagonistic view, aims to understand within this antagonism if is it possible to identify which brother has in his psychism the predominance of the normative aspects and which has the predominance of the transgressive aspect. This paper employs the Greek mythology and the psychoanalysis, aiming to a path that resembles concepts as a fraternal function and the fraternal complex, building an approach between this two parts, so it can undergo some elements, such as rivalry and competition, envy and jealousy, the good relationship and narcissistic aspects bound to this brotherhood. Finally, it also presents analyses built under intra and intersubjective paths, being based on Greek tragedies, such as Antigone, by Sophocles (n.d./2005), Seven against Thebes, by Aeschylus (n.d./2007) and Euripides' (n.d./2005) The Phoenician Women as a resource to think about the issues around the fraternal relationship. |