Resumo: Programas de treinamento de corrida de endurance requerem um estimulo adequado de acordo com a condição física de cada praticante. A velocidade pico (Vpico) tem se mostrado uma ótima preditora de performance; porém, se faz necessário testar a sua aplicabilidade na prescrição de treinamento. Assim, o objetivo do estudo foi avaliar o efeito de quatro semanas de treinamento prescrito pela Vpico e velocidade referente a ocorrência do consumo máximo de oxigênio (vVO2maX) em corredores de endurance moderadamente treinados. Participaram do estudo 16 corredores com idades entre 18 e 35 anos que foram aleatorizados em dois grupos. Um grupo realizou quatro semanas de treinamento prescrito pela vVO2maX e seu respectivo tempo Iimite (tlim) (GVO2) e outro realizou o treinamento prescrito pela Vpico e seu respectivo tlim (GVP). Foram realizados quatro testes em esteira rolante: dois testes incrementais máximos para determinação da Vpico e da vVO2maX e dois para determinação dos seus respectivos tlim, e uma performance de 10 km em pista oficial de atletismo (400 m). Todas as avaliações iniciais também foram conduzidas após um período de quatro semanas de treinamento Os participantes realizaram um total de 20 sessões de treinamento de corrida, subdivididas em sessões de treino contínuo e intervalado As variáveis estão apresentadas em média ± desvio padrão (DP). A normalidade dos dados foi verificada pelo teste de Shapiro-Vilk. A comparação entre os momentos pre e pos-treinamento para os dois grupos experimentais foi feita pela ANOVA mista de medidas repetidas. As correlações entre os parâmetros aeróbios e anaeróbios com a performance de 10 km foram realizadas pelo coeficiente de correlação de Pearson e o nível de significância adotado foi de P < 0,05. Os principais resultados mostram que houve efeito do treinamento sobre as variáveis para o mesmo grupo:Vp1¢O GVP (16,7 ± 1,2 vs 17,6 ± 1,5 km-h`1), GVO2 (17,1 ± 1,9 vs 17,7 ± 1,6 km-h'1); vVO2maX GVP (16,4 ± 1,4 vs 17,0 i 1,3 km-h'1), evo; (17,2 ± 1,7 vs 17,5 ± 1,9 km-h'1); tempo dos 10 km GVP (41,3 ¢ 2,4 vs 39,9 ± 2,7 min), GVO2 (40,1 ± 3,4 vs 39,2 ± 2,9 min) e velocidade media (VM) nos 10 km GVP (14,6 ± 0,9 vs 15,1 ± 1,1 km°h'1),GVO2(15,1 ± 1,3 vs 15,4 ± 1,2 km'h"). A Vpico apresentou uma elevada correlação com a performance tanto no momento pré quanto pós-treinamento GVP (r = -0,97 vs -0,86) e GVO2 (r = -0,95 vs -0,94), correlação também observada para vVO2maX GVP (r = -0,82 vs -0,88) e GVO2 (r = -0,99 vs -0,98). O consumo máximo de oxigênio (VO2maX) e o tum na Vpico e na vVO2maX não apresentaram correlação com a performance de 10 km. Nao houve diferença significante para as variáveis V02maX, tum na Vpico e na vVO2maX, frequência cardíaca maxima (FCmaX), frequência cardíaca média (FCmedia), percepção subjetiva de esforço máxima (PSEmaX) e Iactato pico (Lacpico) em ambos grupos apes o período de treinamento e também não foi observada diferença entre o GVP e GVO2 para todas as variáveis avaliadas. Concluimos que o treinamento prescrito pela Vpico promoveu melhoras similares ao treinamento prescrito pela vVO2maX para corredores de endurance moderadamente treinados. A partir dos resultados encontrados sugere-se a utilizagao da Vpico para prescrição e monitoramento de treinamento, devido a sua praticidade e baixo custo financeiro e ausência da necessidade de equipamentos de custo elevado (analisador de gases) para sua determinação em avaliações.
Abstract: Endurance running training programs require an adequate stimulus according to the physical condition of each practitioner. The peak velocity (Vpeak) has proven to be an excellent predictor of performance; but, it is necessary to test its applicability in prescribing training. The objective of the study was to evaluate the effect of four weeks of training prescribed by the Vpeak and velocity corresponding to the occurrence of maximum oxygen consumption (vVO2maX) in moderately trained endurance runners. Study participants were 16 runners aged between 18 and 35 years who were randomized into two groups. One group held four weeks of training prescribed by vVO2maX and its respective time limit (tum) (GVO2) and another held training prescribed by Vpeak and its respective tum (GVP). Four tests on a treadmill were performed: two maximum incremental tests to determine the Vpeak and vVO2maX and two for the determination of their tum, and a performance of 10 km in official running track (400 m). All initial evaluations were also conducted after a period of four weeks of training. Participants performed a total of 20 race training sessions, divided into continuous and inter al training sessions. The variables are presented as mean i standard deviation (SD). Data normality was verified by the Shapiro-Wilk test. The comparison between the pre- and post-training for the two groups was made by mixed ANOVA for repeated measures. Correlations between aerobic and anaerobic parameters with 10-km running performance were performed using the Pearson correlation coefficient. The significance level was set at P < 0.05. The main results showed a significant effect of training on the variables for the same group: Vpeak GVP (16.7 ± 1.2 vs 17.6 ± 1.5 km'h"), GVO2 (17.1 I 1.9 vs 17.7 ±1.6 km°h"); vVO2maX GVP (16.4 ± 1.4 vs 17.0 ± 1.3 km'h'?), GVO2 (17.2 ± 1_7 vs 17.5 1 1.9 km'h"); the time to complete 10-km GVP (41.3 ± 2.4 vs 39.9 ± 2_7 min), GVO2 (40.1 ± 3.4 vs 39.2 2.9 min) end 10-km average speed (VIVI) GVP ( 14.6 ± 0.9 vs 15.1 ± 1.1 km'h") GVO2 (15.1 ± 1.3 vs 15. ± 4 1.2 km'h"). The Vpeak showed a high correlation with the performance in both pre and post-training times GVP (r = -0.97 vs 0.86) and GVO2 (r = -0.95 vs -0.94), which was also obser ed for vV()2maX GVP (r = - 0.82 vs -0.88) and GVO2 (r = -0.99 vs -0.98). The VO2maX, tum at Vpeak, and vVO2maX did not correlate with the performance of 10 km. There was no significant difference for the variables maximal oxygen uptake (VO2maX), tum at Vpeak and vVO2maX, maximum heart rate (HRMX), mean heart rate (HRmean), rating of perceived exertion (RPEmaX), lactate peak (Lacpeak) in both groups after the training period and there was also no difference between the GVP and GVO2 for all variables. lt is concluded that the training prescribed by Vpeak promoted similar improvements to the training prescribed by vVO2maX in moderately trained endurance runners. Thus, we suggest the use of Vpeak for prescribing and monitoring endurance training, due to its practical application and low cost (i.e., no need for high cost of equipment (gas anaœyzer)) for its determination. |