Resumo: Nosso trabalho volta o olhar para uma categoria que, por longos anos, fora silenciada e relegada à marginalização, as mulheres, mais especificamente a literatura produzida por elas. Assim, norteados pela perspectiva teórica da Crítica Literária Feminista e amparados em conceitos a respeito de elementos da narrativa, como espaço, narrador e personagem, e de identidade, caros aos estudos literários no contexto da pós-modernidade, nosso objetivo, neste trabalho, foi proceder a uma análise do romance Com que se pode jogar (2011), da escritora paranaense Luci Collin, a fim de delimitar os perfis das personagens que protagonizam a narrativa. Nossa hipótese é a de que tais perfis, constituídos na convergência entre vários elementos narrativos, delineiam também suas buscas identitárias. Além disso, o modo de representação das personagens é coerente com as experimentações pós-modernas em torno da constituição do romance enquanto gênero, ao mesmo tempo em que se afina com discussões muito em voga, como as suscitadas dentro do feminismo e das discussões em torno da construção das identidades. Para a realização deste trabalho, optamos por uma pesquisa de caráter bibliográfico estruturada na forma de análise literária. No que se refere aos estudos da literatura de autoria feminina, utilizamos o suporte teórico de Elódia Xavier (1999) e Lúcia Osana Zolin (2005), enfatizando especialmente as estratégias empregadas para a representação da(s) mulher(es). Apoiamo-nos, também, nas contribuições de Stuart Hall (2015) e Zygmunt Bauman (2005) para compreendermos melhor as questões que envolvem a construção da identidade sobretudo no contexto da pós-modernidade. Aproveitamos, ainda, as considerações de Osíris Borges Filho (2007) acerca do espaço, a fim de perceber a relação entre esse aspecto da narrativa e o processo de construção identitária realizado pelas protagonistas. E recorremos às contribuições de estudiosos sobre o romance, especialmente Ian Watt (1990), Mikhail Bakhtin (1975), Theodor W. Adorno (2003) e Walter Benjamin (1994), visando compreender melhor o processo de desenvolvimento do gênero e de que modo isso se dá dentro do romance em questão.
Abstract: This work gives attention to a category that, for many years, has been silenced and relegated to marginalization - the women - specifically the literature producedy women. Our goal is to analyse the novel Com que se pode jogar (2011) by the writer Luci Collin, who is from Parana, in Brazil, in order to define the representation of the main characters, guided the theoretical perspective of the Feminist Literary Criticism and supported by narrative elements, such as space, narrator, character and identity, important to literary studies in the postmodernity context. Our hypothesis is that such representations, made in the convergence between several narrative elements also outline their identity searches. In addition, the mode of representation of the characters is consistent with the post-modern experiments around the creation of the novel as a genre, while that is tuned with discussions in vogue, such as raised within feminism and discussions around construction of identities. For this work, we chose a structured bibliographic research in the form of literary analysis. With regard to studies of female authors of literature, we use the theoretical support of Elodia Xavier (1999) and Lucia Osana Zolin (2005), especially emphasizing the strategies used for the representation of women. We also used as a support the contributions of Stuart Hall (2015) and Zygmunt Bauman (2005) to better understand the issues surrounding the construction of identity especially in the context of postmodernity. We take also the considerations of Osiris Borges Filho (2007) about the space in order to understand the relationship between this aspect of narrative and identity construction process carried out by the protagonists. And we use the contributions of scholars on the novel, especially lan Watt (1990), Mikhail Bakhtin (1975), Theodor W. Adorno (2003) and Walter Benjamin (1994), to better understand the development process of the genre and how it takes place within the novel in question. |