Resumo: Atualmente, um hábito muito comum entre as mulheres está em remover as cutículas das mãos e pés, antes de esmaltá-las. Essa atividade é realizada em salões de beleza por profissionais especializados. Tal conduta aumenta o grau de exposição ao vírus da hepatite B e C tendo como causa o descuido dos profissionais ao manusear objetos cortantes não esterilizados. Este trabalho avaliou a prevalência das hepatites B e C, os dados sociodemográficos e o conhecimento sobre biossegurança de profissionais de 30 salões de beleza de Maringá, Paraná. Para identificar a contaminação dos profissionais foi realizado um teste rápido para as hepatites B e C e, quando reagente, confirmado pela pesquisa dos marcadores sorológicos AgHBs , anti-HBc, anti-VHC, do DNA-VHB e do RNA-VHC. Também foi feita a identificação dos genótipos do VHB e do VHC. Foi desenvolvido um estudo transversal com amostragem consecutiva e seriada, totalizando 150 manicures. Os profissionais de manicure/pedicuro foram submetidos à aplicação de um questionário para obtenção de dados sociodemográficos e de biossegurança. Os dados foram considerados significativos para p<0,05. Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa com Seres Humanos, sob o parecer nº 1.573.796. Todos os participantes eram do sexo feminino, com idade mediana de 33 anos [25; 42,5]. A média do tempo de trabalho foi de 11,73 ±6,80 anos. O nível de escolaridade foi de 42 (28,0 %), 89 (59,3%) e 19 (12,7 %) dos participantes para os ensinos fundamental, médio completo e superior, respectivamente. Baseado em dois aspectos, transmissibilidade e prevenção, foi avaliado o conhecimento dos profissionais sobre as hepatites B e C. Dessa forma, 94 (62,67 %) participantes manifestaram conhecer os dois aspectos e 56 (37,3%) apenas um ou nenhum deles. As análises estatísticas mostraram que o nível de escolaridade relaciona-se ao conhecimento da doença, vacina para hepatite B e uso de equipamentos de proteção individual (EPIs) (p < 0,01), demonstrando que manicures com nível superior apresentaram ter maior conhecimento da doença (transmissibilidade e prevenção) quanto à necessidade de se proteger (99%) em comparação aos demais grupos. Nenhuma das profissionais fazia a desinfecção correta da mesa de trabalho, independente da escolaridade e conhecimento da doença. Houve baixa adesão dos profissionais no quesito higienização das mãos, esterilização dos materiais (desconhecimento ao manusear o equipamento - tempo e temperatura). A reutilização dos materiais de trabalho (lixa, alicate de cutícula, palito de unha) foi alta. Já a reutilização de luvas foi baixa entre as participantes condizendo com a maioria que respondeu adequadamente sobre a necessidade de descartar as luvas entre os atendimentos. Apenas uma amostra apresentou-se reagente para o VHB e foi classificada como genótipo D. As prevalências das hepatites B (0,7%) e C (0,0%) foram baixas. Embora os profissionais manicures/pedicuros de salão de beleza de Maringá saibam da necessidade ao uso de EPIs e aplicação das normas de biossegurança, tal conhecimento não implica, necessariamente, à prática preventiva e segura das profissionais.
Abstract: Nowadays, a very common habit among women is to remove the cuticles from the hands and feet before enameling them. This activity is performed in salons by specialized professionals. Such conduct increases the degree of exposure to the Hepatitis B and C virus, due to the carelessness of professionals in handling non/poorly sterilized sharp objects. This study evaluated the prevalence of hepatitis B and C, sociodemographic data and knowledge about the biosafety of professionals from 30 salons in Maringá, Paraná. To identify the contamination of the professionals was performed in a rapid test for hepatitis B and C and, when reagent, confirmed in the research of HBsAg, anti-HBc, anti-HCV serological markers, make HBV-DNA and HCV-RNA. Identification of HBV and HCV genotypes was also made. A cross-sectional study was carried out with consecutive and serial sampling, for convenience of time and location, totaling 150 manicures. The manicure/pedicure professionals were submitted to a questionnaire to obtain epidemiologic and biosafety data. The data were considered significant adopting p <0,05. This work was approved by Ethics and Research Committe in Human Beings, under the opinion nº 1,573,796. All participants were female, with a mean age of 33 [25; 42,5] years. The mean working time was 11.73 ± 6.80 years. The level of schooling was 42 (28,0%), 89 (59,3%) and 19 (12,7%) participants for elementary, middle and high school, respectively. Based on two aspects, transmissibility and prevention, professionals' knowledge about hepatitis B and C was evaluated. Thus, 94 (62.67%) participants reported knowing both aspects and 56 (37.3%) only one or none them. Statistical analysis showed that the level of schooling was related to knowledge of the disease, vaccination and use of PPE (p <0,01), demonstrating that higher level manicures showed a greater awareness of the need to protect themselves (99%) in compare to the other groups. None of the professionals did the correct disinfection of the table of work, regardless of schooling and knowledge of the disease. The reuse of gloves was low among the participants in comparison with the majority who responded adequately about the need to discard the gloves between the attendances. Only one sample was tested for HBV and classified as genotype D. The prevalences of hepatitis B (0.7%) and C (0.0%) were low. Although Maringá's professional salon manicures / pedicures know the need for the use of PPE and the application of biosafety norms, such knowledge does not necessarily imply the preventive and safe practice of professionals. |