Resumo: Segundo o Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN), o numero de encarcerados vem aumentando nos últimos anos, tornando o sistema penitenciário brasileiro um dos dez maiores do mundo. Quando se trata de penitenciaria masculina sob regime fechado, as visitas são mais freqüentes entre as mulheres parceiras de apenados, sendo distribuídas por escalas devido à grande demanda de visitas. Destarte a isto, é possível identificarque a doença depressão pode ser prevalente em mulheres de apenados e associadas afatores de risco eàs condições psicossociais. Estas mulheres também se encontrarem em situação de vulnerabilidade para as infecções sexualmente transmissível (IST), principalmente por apresentarem comportamento sexual de risco favorecido pelas condições do encarceramento do parceiro. Diante do exposto, o objetivo deste estudo foi estimar a prevalência da depressão associada a fatores de risco e estimar a prevalência de infecções sexualmente transmissíveis e sua associação com os comportamentos sexuais entre mulheres de apenados. Trata-se de um estudo descritivo com delineamento transversal de abordagem quantitativa. O estudo foi realizado junto a 349 mulheres de apenados em três penitenciárias no estado do Paraná. Os dados foram coletados por meio de um questionário semiestruturado (ECOS - Estudo de Comportamento Sexual no Brasil, modelo II) em dias em que eram programadas as visitas das mulheres aos seus parceiros nestas penitenciárias. Os resultados demonstraram que a maioria das mulheres (51,9%) tinha idade entre 20-29 anos. Em relação ao estado civil e número de filhos, 49,0% relataram ser amasiadas, 21,2% solteiras e 29,8% casadas. Com relação ao numero de filhos, 53,3% relataram ter um ou dois filhos. Foi investigada a existência de doenças crônicas, e as mais prevalentes foram a depressão (42,7%), hipertensão (12,9%), diabetes (4,6%), cardiopatias (4,3%) e câncer (3,2%). Na análise de regressão logística bruta a depressão foi positivamente associada com idade, escolaridade, álcool e tabagismo.Foi possível identificar a vulnerabilidade para depressão entre mulheres de apenados, sendo que, estas mulheres em sua maioria são jovens e (42,2%) tem ou já tiveram a doença depressão, houve associação entre depressão e ter idade igual ou acima de 30 anos (50,3%; p < 0,001); associação entre depressão e tabagismo (61,1%; p < 0,013) e associação entre depressão e alcoolismo (16,1%; p < 0,001). Mulheres com idade _30 anos tiveram 3,7 (IC 95% 2,3-5,9) vezes mais chances de terem a doença em relação às de idade inferior a 30 anos. Para a escolaridade, mulheres que estudaram até o ensino fundamental completo tiveram 3,5 (IC 95% 1,2-10,1) vezes mais chances. O consumo confirmado de álcool e tabagismo mostrou chances aumentadas de 4,1 (IC95% 1,8-9,7) e 1,8 (IC 95% 1,2-2,8) vezes respectivamente de terem depressão. Referente às IST foi possível identificar que (41,2%) destas mulheres, tem ou já tiveram infecções sexualmente transmissíveis. Já a associação entre IST e comportamento sexual, foi identificando que mulheres que se relacionaram com mais de um parceiro nos últimos 12 meses apresentaram 1,9 (IC95% 1,2-30) vezes mais chances de contraírem IST. Para as mulheres que confirmaram terem sofrido violência sexualas chances foram as de 8,6 (IC95% 5,1-14,7), receber dinheiro por sexo 3,8 (IC95% 2,2-6,5) vezes, e se relacionarem sobre efeito de álcool 2,3 (IC95% 1,5-3,7), sobre efeito de drogas as chances, 2,2 (IC95% 1,3-3,7). O enfermeiro como elemento chave do processo de cuidados na assistência, educação a saúde junto à população vulnerável deve conhecer o perfil epidemiológico e as características desta população, para programar juntamente com uma equipe multidisciplinar estratégias de prevenção, promoção e intervenções de cuidados que venham favorecer estas mulheres.
Abstract: According to the National Penitentiary Department (DEPEN), the number of prisoners has increased in recent years, making the Brazilian penitentiary system one of the ten largest in the world. When it comes to a male prison with a closed regimen, visits are more frequent among female partners in distress, being distributed by scales due to a high demand for visits. In this way, it is possible to identify that the women of distress present a high prevalence of risk factors for Chronic Diseases (CD), but specifically the depression due to psychosocial conditions and also because they are vulnerable to Sexually Transmitted Diseases ), Mainly because they presented sexual risk behavior favored by the conditions of the incarceration of the partner. Considering the above, the objective of this study was to estimate the prevalence of depression and sexually transmitted diseases and its association with sexual behavior among women of distress. This is a descriptive study with a cross-sectional quantitative approach. The study was carried out with 349 women of distress in the three largest prisons in the state of Paraná, 136 women from the Piraquara penitentiary, 139 women from the penitentiary of the city of Londrina and 74 women from the Francisco Beltrão penitentiary. Data were collected through a semi-structured questionnaire (ECOS-Sexual Behavior in the Brazilian Population, 2000) in penitentiaries on days when women were scheduled to visit their partners. The results showed that the majority of women (51.9%) were aged 20-29 years. In relation to the marital status and number of children, 49.0% reported being amassed, that is, they had a relationship with their ‘partner’ without being officially married, 21.2% were single and 29.8% married. With regard to the number of children, more than half of the women 53.3% have one or two children. It was investigated the existence of some chronic diseases, and the most prevalent were depression (42.7%), hypertension (12.9%), diabetes (4.6%), heart disease (4.3%) and cancer ,2%). In the crude logistic regression analysis, depression was positively associated with age, schooling, alcohol and smoking. Women aged _30 years had 3.7 (95% CI, 2.3-5.9) times more likely to have the disease than those younger than 30 years. For schooling, women who studied until Full Elementary School had 3.5 (95% CI, 1.2-10.1) times more chances. Confirmed consumption of alcohol and smoking showed an increased odds of 4.1 (95% CI 1.8-9.7) and 1.8 (95% CI 1.2-2.8) times respectively, respectively. Regarding STD, it was possible to identify an association between the types of sexual behavior, identifying that women who had more than one partner in the last 12 months had 1.9 (95% CI, 1.2-30) times more likely to contract STD . For women who confirmed they had suffered sexual violence, the odds were 8.6 (95% CI, 5.1-14.7), receive cash by gender 3.8 (95% CI 2.2-6.5), and (IC95% 1.5-3.7), on drug effects the odds, 2.2 (95% CI: 1.3-3.7) and women with more than one sexual partner In the last twelve months the odds were 1.9 (95% CI 1.2-3.0), respectively, of having a STD diagnosis. Therefore, the nurse as a key element of the care process in health care assistance to the vulnerable population must know the epidemiological profile and characteristics of this population, so that it can program together with a multidisciplinary team strategies for prevention, promotion and interventions Of care that come to favor these women. |