Resumo: Investigou-se mudanças temporais nas comunidades de aves aquáticas dentro e entre áreas úmidas protegidas. Considerou-se a riqueza de espécies e múltiplos componentes da estrutura funcional das comunidades, e examinou-se se existem regras discerníveis determinando a assembleia das comunidades em escala local e regional, e se essas regras sofrem alterações no tempo. Resultados apontam que as comunidades de aves aquáticas estão sofrendo incremento de espécies através da exploração de novos recursos tróficos. As diferenças na ocupação do espaço funcional entre as comunidades têm decrescido, mostrando que as espécies adicionadas ocupam nichos similares em cada área úmida. Esse processo pode ser possível devido a um aumento na proteção do habitat e disponibilidade de recursos alimentares. Assim, apesar de a qualidade ambiental das áreas úmidas ainda não ter sido completamente restaurada, parece que a proteção local está contribuindo para a recuperação das funções executadas pelas comunidades de aves aquáticas. Avaliou-se a estrutura funcional e valores específicos de atributos funcionais de comunidades de aves aquáticas em áreas úmidas naturais, restauradas e artificiais em um mesmo complexo alagado. Resultados apontam que os tipos de áreas úmidas não formam um gradiente simples, não havendo uma diminuição nos índices de diversidade funcional do natural para o artificial, com valores intermediários sendo encontrados nos ambientes restaurados. Em vez disso, a direção da diferença varia de acordo com o índice e o tipo de área úmida. No geral, as áreas artificiais sustentam níveis mais baixos de diversidade de atributos funcionais e de dispersão funcional, quando comparadas a áreas naturais e restauradas. Sugere-se que esforços para proteger áreas úmidas naturais e restauradas são mais efetivos para manter a diversidade original de atributos de aves aquáticas que a construção compensatória de ecossistemas artificiais.
Abstract: We investigated temporal changes in waterbird communities within and between protected wetlands. We considered species richness and multiple components of the communities? functional structure and examined whether there are any discernable rules determining the assembly of communities at local and/or regional scales, and whether these rules change in time. We found that our waterbird communities are gaining species by filling ecological niches that were empty before. At the same time, differences in the trait space between wetlands are decreasing, showing that the gained species occupy similar niches in each wetland. This process may be possible due to an increase in the protection of the habitat and the availability of food resources. Thus, even though the environmental quality of the wetlands has not been fully restored, it seems that site protection is contributing to the recovery of functions performed by local communities of waterbirds. We also evaluated the functional structure and specific trait values of waterbird communities of natural, restored, and artificial wetlands in a same wetland complex. We found that wetland types do not form a simple gradient, so that there is not a decrease in indices from natural to artificial, with intermediate values for restored wetlands. Instead, the direction of difference varies according to the index and wetland type. In general, artificial wetlands support lower levels for most waterbird functional traits, as well as for functional dispersion, compared with natural and/or restored wetlands. We suggest that efforts to protect natural and restored wetlands are more effective to maintain the original diversity of waterbird functional traits than the compensatory construction of artificial ecosystems. |