Resumo: Os manuais didáticos foram instituídos nas escolas com o objetivo de dinamizar o trabalho docente. Contudo, para os professores, estes livros normatizam os conhecimentos tomando-os muitas vezes, conteúdos que abandonam a riqueza dos conhecimentos científicos e os argumentos dos cientistas. Isso ocorre, pois os livros didáticos pretendem tomar os argumentos das ciências em argumentos mais pedagógicos. Nesse sentido, esta pesquisa fundamentou-se na retórica e no contexto argumentativo das lições sobre Aids e HIV de 10 livros didáticos utilizados no ensino médio. O tema "Aids, o que dizem os livros didáticos" foi elaborado no sentido de analisar a linguagem destes 10 livros texto de ensino médio, enfocando a teoria da argumentação e os recursos para a argumentação como as figuras de estilo, de sentido, de palavras e de pensamento. O problema de pesquisa foi: como ocorre a transposição dos argumentos presentes no conhecimento científico sobre AIDS/HIV para os manuais didáticos? Quais as relações entre os argumentos científicos e os didáticos? Quais os problemas científicos encontrados na passagem dos conceitos sobre o tema Aids/HIV para os conceitos escolares? Em termos de procedimentos metodológicos foram analisadas as figuras de estilo, de sentido, de palavras e de pensamento e os argumentos que estas constituíam sobre a Aids/HIV. Analisaram-se também as imagens. Nos 10 livros didáticos analisados "o que se diz sobre a AIDS", se escreve sob a forma de argumentos de onipotência, argumento por exemplo, causal e por reciprocidade. Os argumentos de onipotência são os mais utilizados: A Aids é apresentada ao leitor (auditório) como uma "doença" fatal, letal, que é um "mal" "inserido" pelos vírus nos organismos e provoca uma "luta interna" no corpo, sempre vencida pelos vírus. Os resultados indicam que, de modo geral, os livros didáticos não trazem os argumentos científicos ao conhecimento dos alunos. Definem Aids como doença e não como síndrome, não destacam a atuação do sistema imunológico, não discutem o papel das células T4, não trazem imagens corretas da estrutura do vírus HIV e não estabelecem modelo científico que apresenta os conhecimentos experimentais sobre a Aids/HIV. O movimento do discurso científico ao pedagógico, de transposição dos conceitos sobre os conhecimentos acerca da Aids/HIV, faz com que a linguagem didática dos textos analisados, em parte, permaneça com argumentos não científicos. A linguagem dos textos analisados fica entre o senso comum e o científico, sendo que o senso comum é mais convincente do que os dados e o modelo científico.
Abstract: Didatic books were established in schools with the aim of improving educational work. However, in order to convert science teaching in a pedagogical task, these books standardize scientific knowledge, ignoring the richness of details and arguments of Science. Considering that, this research was based in the rhetoric and in the argumentative context of lessons on Aids and HIV of 10 didactic text books frequently utilized in high school teaching. The theme "Aids, what is its meaning in didactic text books" was elaborated in order to analyze the language of these 10 high school text books, focusing on theory of argumentation and the resources for argumentation, such as figures of style, sense, words, and thought. This project raises the questions: how does the transposition of scientific arguments about Aids and HIV to didactic books occur? What is the correlation between scientific and didactic arguments? What are the problems found in this transposition from concepts of Aids and HIV to didactic concepts? Regarding methodological procedures, it was analyzed figures of style, sense, words, and thought and their arguments about Aids and HIV. Additionally, illustrations about this theme were analyzed. In all the didactic text books analyzed, the theme was written using arguments of omnipotence, example, cause, and reciprocity. The mostly utilized arguments, the omnipotence ones, are presented to the reader (auditorium) as follows: a "fatal disease", a "lethal disease", an "illness inserted in the organisms by viruses", generating "an internal battle in the body" which is "always won by the viruses". These results indicate that, generally, the didactic text books do not present scientific arguments to the students. They define Aids as a disease and not as a syndrome, do not explain the actuation of the immunological system, do not discuss the hole of T4 cells, do not present actual images ofthe HIV structure, and do not present the real scientific models about Aids/HIV. The transposition from the scientific knowledge about Aids/HIV to the pedagogical practice keeps the didactic language of the analyzed texts to some extent with no scientific arguments. The language of these texts stays between the common sense and scientific sense; however, the common sense is more convincing than the scientific data and models. |