Resumo: No ano de 2001 foram amostrados quatro ambientes semilóticos, na planície de inundação do Alto Rio Paraná - Ressaco do Pau Veio, Ressaco do Leopoldo, Ressaco do Bile e Ressaco Manezinho, com o objetivo de: a) estabelecer as variações temporais da biomassa perifítica; b) conhecer a riqueza da assembléia de diatomáceas perifíticas; c) verificar a similaridade entre a diatomoflórula perifítica dos ambientes; d) estabelecer a dinâmica da assembléia de diatomáceas perifíticas; e) identificar os tipos de perturbações que atuaram sobre os táxons de diatomáceas. As coletas dos dados foram realizadas mensalmente nos quatro ressacos. O substrato amostrado foi pecíolos da macrófita aquática Eichhornia azurea Kunth. Análise das propriedades estruturais da comunidade foi realizada com base em medidas de biomassa (clorofila, peso seco livre de cinzas) e riqueza e densidade da assembléia de diatomáceas. Também foram aplicados índices biológicos para classificação do perifíton. Dados limnológicos abióticos foram obtidos (nível hidrométrico, temperatura da água, turbidez, profundidade, condutividade elétrica, precipitação, pH, O2, NO3, NH4, NT, PT, PO4). Observou-se, independente do local, valores mais elevados dos teores de clorofila a nos cinco primeiros meses do ano de 2001, meses de maior nível do rio Paraná (r=0,48), maior concentração de nutrientes, principalmente o nitrogênio, e maior transparência da coluna de água. No conjunto dos dados, também se verificou uma maior riqueza e densidade da assembléia de diatomáceas perifíticas quando estas características fizeram-se presentes. Foram registrados ao todo 322 táxons, distribuídos em 57 gêneros. Em ordem crescente, o Ressaco do Leopoldo apresentou o menor número de espécies (197), sendo seguido pelo Ressaco do Pau Véio (205), o Ressaco do Manezinho (218) e, o Ressaco do Bilé (222). Os ambientes, de forma geral, apresentaram em média 36% de sua flora diatomológica constituída de espécies raras, ou seja, espécies de baixa freqüência de ocorrência. O Ressaco do Leopoldo apresentou as menores oscilações quanto ao número de espécies. O mês de julho apresentou um baixo número de táxons em todos os ressacos. Os valores de diversidade beta foram mais dissimilares temporalmente do que espacialmente e os estimadores de riqueza evidenciaram a necessidade de maior esforço amostral para avaliar a riqueza do sistema. Em período de menor elevação do nível, a densidade das diatomáceas foi cerca de 10 vezes menor quando comparado ao período anterior. Ao comparar a densidade das diatomáceas perifíticas de cada ambiente, nos diferentes períodos hidrológicos, não foi possível estabelecer qualquer diferença significativa, apesar dos dados quantitativos serem bastante distintos. Dentre as espécies, Achnanthidium minutissimum foi a espécie abundante e que melhor caracterizou os ambientes. Conclui-se que o nível hidrológico consiste na principal função de força controladora da assembléia de diatomáceas perifíticas nos ambientes semilóticos da planície de inundação, principalmente, pelo seu efeito na disponibilidade de nutrientes, principalmente o nitrogênio, e no grau de ligação com o rio Paraná. Em nível temporal, as perturbações, das quais se destaca a ação antrópica pela operação das comportas dos reservatórios localizados a montante, representaram papel chave na dinâmica sucessional das espécies, provocando mudanças na assembléia de diatomáceas. Salienta-se a necessidade de novos estudos de cunho experimental, que possibilite identificar e medir outros parâmetros ambientais (como competição, distribuição do substrato, posição em relação a luz e vento) que atuam sobre a assembléia diatomológica, e conseqüentemente, sobre a comunidade perifítica. |