Resumo: Para esta pesquisa tenho como ponto de partida a experiência familiar com uma pessoa portadora de bolsa de colostomia por câncer. O estudo busca compreender as vivências das pessoas colostomizadas por câncer, ou seja, desvelar o seu existir-no-mundo com um estoma e utilizando-se de um dispositivo para seus excrementos. A fenomenologia existencial de Martin Heidegger possibilitou a apreensão dos momentos vividos por esses Seres. Foram entrevistadas dez pessoas. Os depoentes residem na região Norte do Paraná e as entrevistas foram realizadas no período de janeiro a abril de 2008, em seus domicílios. Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê Permanente de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos da Universidade Estadual de Maringá. Para buscar os discursos dos sujeitos, utilizei a seguinte questão norteadora: O que mudou na sua vida após a cirurgia da confecção do estoma? Durante as entrevistas, além de gravar as percepções, procurei vislumbrar por meio da corporeidade e, algumas vezes, pelo silêncio, as vicissitudes vivenciadas por eles em seu cotidiano. Na interpretação dos discursos dos depoentes, evidenciei alguns sentimentos convergentes em suas falas: angústia ante sua facticidade existencial, preocupação com o seu porvir, a importância da família no enfrentamento de sua situação, dos quais, suscitou a temática existencial: a temporalidade de existir-no-mundo colostomizado. A análise desveloume, que ser-colostomizado-por-câncer é ter o seu modo de ser-no-mundo influenciado por modificações físicas, emocionais e sociais, sendo necessário transcender as restrições impostas pela doença para poder vislumbrar novas possibilidades de continuar existindo-no-mundo. Desta forma, apreendo que para efetuar um cuidado voltado para atender as necessidades das pessoas com colostomia, é preciso ir além do conhecimento sobre alterações físicas e psíquicas, mas compreender as experiências construídas por essas pessoas no processo de viver com a doença.
Abstract: The experience of a colostomy bag-carrying cancerous person constitutes the starting point of current research. Current analysis investigates the experiences of cancer-colostomized people and discloses their being-in-the-world with stoma and the use of a feces disposal bag. Heidegger's existential phenomenology is a help towards the understanding of their experience. Ten people living in the northern region of the state of Paraná, Brazil, were interviewed between January and April 2008, in their own homes. Research was approved by the Permanent Ethics Committee in Research with Human Beings of the State University of Maringá, Maringá PR Brazil. The following basic question was asked so that the subjects' discourses could emerge: What were the factors that changed your life style after the stoma surgery? Perceptions were recorded during the interviews and the daily vicissitudes experienced were reported through the subjects' corporality and silences. Convergent feelings were perceived in the interpretation of the interviewed people's discourse: anguish within the context of existential factuality; concern with the future; the importance of the family so thatthey could face their condition. These factors triggered the existential theme of the temporality of the colostomized being-in-the-world. Analysis disclosed that being-cancercolostomized means to have one's own being-in-the-world affected by physical, emotional and social modifications. The disease-imposed restrictions should be overcome so that new possibilities for continuing existing-in-the-world could be perceived. So that one may direct one's care towards the needs of colostomized people, one should go beyond the knowledge on physical and psychic changes and understand the experiences made up by these same people within their process of living with the disease. |
