Resumo: Esta pesquisa resulta de uma investigação bibliográfica e intervenção prática junto às crianças ouvintes e surdas da Rede Municipal de Educação de Maringá, na perspectiva da Psicologia Histórico-Cultural (PHC). Objetivou-se, de modo geral, à luz da PHC, caracterizar o ensino da Língua Brasileira de Sinais (Libras) na educação infantil como recurso na mediação entre crianças ouvintes e surdas, identificando a importância deste ensino para a inclusão. A hipótese de trabalho norteadora foi a de que o ensino da Libras se constitui em recurso e, também, conteúdo, o que pode promover o desenvolvimento das crianças no aspecto da linguagem e do campo psicomotor, sensibilizando-as para a educação que se pretende inclusiva. Justificou-se esta proposta, pela escassez de publicações sobre essa temática e porque até o momento a educação especial e inclusiva tem sido subsidiada, na maioria, por outras perspectivas teóricas. Verificamos que, atualmente no Brasil, os pesquisadores que se apóiam na PHC dedicam-se a investigações propositivas e voltadas à pesquisa aplicada em décadas anteriores atentaram-se mais aos estudos dos fundamentos e métodos da abordagem. Como desenvolvimento, a PHC considera que a linguagem verbal é fundamental ao desenvolvimento das funções psicológicas superiores (FPS). Nesse sentido, mediações de qualidade são necessárias para que crianças surdas e ouvintes se apropriem da linguagem verbal e do que comunicado por ela, visto que isto revoluciona o desenvolvimento elevando-o a níveis mais complexos. Entendemos que a Libras possibilita a formação das FPS em sujeitos surdos e ouvintes, tal como qualquer outra língua que veicule a linguagem. A metodologia utilizada envolveu estudos de fontes primárias (publicações soviéticas) e secundárias (publicações recentes sobre a defectologia soviética, ensino de Libras e linguagem). A investigação prática envolveu a elaboração e aplicação de uma proposta de ensino de Libras para uma classe de crianças ouvintes e surdas do nível infantil V. O trabalho prático foi realizado de 09/05 a 27/07/2012, perfazendo um total de 40 horas em sala, além de entrevistas com professor, intérprete e pedagogo para observação e relato da classe no desenvolvimento desta, totalizando 10 horas. Os resultados apontam para a possibilidade de desenvolvimento de crianças ouvintes e surdas no que concerne à linguagem e à psicomotricidade, sendo possível o ensino da Libras como segunda língua, enquanto conteúdo e recurso, para crianças ouvintes. O domínio da Libras e seu emprego constitui-se em recurso privilegiado que favoreça a comunicação entre as crianças surdas e os pares ouvintes da turma as quais pertencem. Com isso, conclui-se ser necessário que se incremente o ensino de Libras, o que requer que a legislação regulamentada seja de fato cumprida. Também, considera-se essencial que essa língua alcance a formação de professores, inicial e continuada, implementando-se o Decreto de Lei 5.626/2005. Para essas implementações, é necessário que a Libras seja uma língua viva, para comunicação entre os homens. Ela deve estar presente em todos os espaços da educação escolar, deixar de ser um privilégio, para se constituir em elemento fundante ao surdo, e elemento agregador para o ouvinte em seu processo de formação genérica, de homem cultural.
Abstract: This study results of bibliographic research and practical intervention with hearer and deaf children from Municipal Education System of Maringá, in the perspective of Cultural-Historical Psychology (PHC). In general, the goal was, under PHC, characterize Brazilian Sign Language (Libras) teaching in early childhood education as a resource in mediation among deaf and hearer children, identifying the importance of this teaching to the inclusion. We hypothesized that Libras teaching is based on resource and content and may promote children development in language aspect and psychomotor field, raising their awareness for the intended inclusive education. This proposal was justified by scarce publication about this theme and, so far, the special and inclusive education has been based on its majority by others theoretical perspectives. We observed that, currently in Brazil, the researchers who rely on PHC dedicate themselves to propositive investigations focused on applied research - in previous decades the attention was more for studies of fundaments and approach methods. As development, PHC considers that verbal language is important to superior psychological functions (FPS). It's necessary quality mediations in order to children appropriate themselves on verbal language and what they communicate, as it revolutionizes the development, raising it to more complex levels. We understand that Libras enables the FPS formation in deaf and hearer human beings, such as another language which conducts the language. The methodology involved study of primary (Soviet publications) and second sources (recent publications about Soviet defectology, Libras and language teaching). The practical study involved the development and implementation of a Libras teaching proposal for a classroom of hearer and deaf children of Early Childhood Education. The work was carried out from 05/09 to 07/27/2012, in a total of 40 hours in classroom, interviews with teacher, interpreter and pedagogue for observation and class report about its development, totalizing 10hours. As results, we verified the possibility of hearer and deaf children development, regarding to the language and psychomotricity, enabling Libras teaching as a second language, while content and resource, for hearer children. The use and domain of Libras may constitute in a privileged resource to encourage communication among deaf children and the hearer ones. Thus, we concluded that it's necessary to enhance the teaching, which requires that regulated legislation is complied. It is also considered essential that this language reaches the initial and continued teachers training, by implementing Decree-Law 5.626/2005. But for these implementations, it's necessary that Libras is an alive language for the communication among people. It must be in all areas of school education. It's not a privilege, but constitutes in a fundamental element to whom is deaf and an aggregator one for the hearer in his process of generic formation, as cultural man. |