Resumo: Nosso principal interesse neste trabalho é apresentar e discutir as pesquisas publicadas em periódicos internacionais de alto impacto acadêmico sobre aprendizagem de linguagem realizadas com crianças humanas e chimpanzés a partir de 1970 à luz da antropologia da ciência (Latour, 2009 [1994]) e da antropologia de Ingold (2000). A linguagem é, talvez, um dos aspectos mais expressivos das culturas humanas e, nesse sentido, tais pesquisas fornecem elementos para pensar sobre as representações contemporâneas da ciência acerca das relações entre natureza e cultura. As concepções de Latour (2009 [1994]) e as críticas de Ingold (2000) sobre a produção de conhecimento pelos pesquisadores ocidentais chamados por Latour de modernos serão aplicadas para analisar os textos, ideias e modos de fazer pesquisa dos biocientistas. A metodologia proposta por Latour (2009 [1994]) e a abordagem antropológica proposta por Ingold (2000) serão os preferenciais adotados na análise das iniciativas em favor de buscar semelhanças ou diferenças entre humanos e não-humanos. A preferência dos primatólogos pela busca das semelhanças entre ambos quando associada a parâmetros da ciência moderna pode vieva-los a uma armadilha, pois, apesar de buscarem semelhanças, continuarão a separar natureza e cultura, fenômenos biológicos e ambientais dos fenômenos relacionados às dinâmicas coletivas, etc. Desse modo, giram em falso em torno de um eixo que não escapa do moto contínuo da falsa saída da modernidade. Como se verá, na constituição da chamada ciência moderna, as concepções pluralistas sucumbiram em favor das concepções dualistas. Este trabalho visa contribuir com o debate apontando para os limites e possibilidades manifestos nesse contexto. Abstract: Our paper's main interest is presenting and discussing the researches published in high impact international journals about language learning carried out with human children and chimpanzees from 1970's and guided by the Anthropology of Science or Science Studies (Latour, 2009[1994]) and the anthropological thought of Ingold (2000). Language is perhaps one of the most expressive aspects of human cultures and, therefore, such studies provide elements to think about the contemporary representations of science concerning the relations between nature and culture. The conceptions of Latour (2009 [1994]) and the questions presented by Ingold (2000) about the production of knowledge by the Western scholars named by Latour as moderns, will be applied in the analyses of the texts, ideas and manners of bioscientists to producing researches. The methodology proposed by Latour (2009 [1994]) and the anthropological approach offered by Ingold (2000) will be the referential adopted in the analyses of initiatives in order to search for similarities or differences between human and non human. The primatologists preferences towards the search of similarities between both of them is associated with the modern science parameters can take them direct to a trap, once, despite of searching for similarities, they will keep tearing apart nature and culture, biological and environmental phenomenon related to group dynamics, etc. Thus, keep spinning around a false axis which cannot escape from the untrue everlasting motto of a false way out of modernity. As it will be seen, in the constitution of the so called modern science, the pluralists' conceptions succumbed and gave place to the dualists conceptions. This paper seeks to contribute to the debate pointing to the limits and possibilities visible in this context. |