Resumo: Considerando a magnitude global da tuberculose, a dimensão organizacional e de desempenho dos serviços de saúde que integram a Atenção Primária em Saúde (APS) são preponderantes para o controle da doença, sendo que dentre os quais se destacam: porta de entrada, acesso, vínculo e enfoque familiar. Nesta perspectiva, o presente estudo objetivou avaliar, sob a percepção do doente, a organização e o desempenho dos serviços de controle da Tuberculose na 15º Regional de Saúde do Paraná. Trata-se de uma pesquisa no campo avaliativo, com abordagem quantitativa e qualitativa, originada de um projeto matriz intitulado “Assistência e controle da tuberculose no estado do Paraná”. No período de abril a junho de 2012, foram entrevistados 89 pacientes que realizavam o tratamento de TB no âmbito da 15ª Regional de Saúde do Paraná com uso do questionário Primary Care Assessment Tool, além da questão norteadora: Conte-me como ocorreu seu diagnóstico de TB e qual foi seu sentimento frente ao mesmo. Os dados quantitativos foram submetidos à análise de variância e os qualitativos à análise de conteúdo. Os resultados revelaram que a maior parte dos pacientes encontrava-se em vulnerabilidade social. A Unidade Básica de Saúde (UBS) foi o primeiro serviço procurado em 39,3% dos casos quando apareceram os sintomas de TB. Contudo, o diagnóstico foi realizado em ambiente hospitalar para 42,7% dos pacientes. Além disso, o tempo de diagnóstico da doença foi tardio, sendo que o paciente teve que procurar as unidades de saúde diversas vezes até conseguir atendimento. O acesso ao tratamento foi considerado melhor do ponto de vista geográfico para os pacientes que realizavam o tratamento nas UBS e,para aqueles que realizavam nos ambulatórios de referência, foi o aspecto organizacional. Os indicadores relacionados às barreiras econômicas para o acesso e a realização de visitas domiciliares pelos profissionais de saúde tiveram desempenho insatisfatório nos dois tipos de serviços. Em relação ao vínculo, encontrou-se que o enfermeiro é o profissional que os usuários mais procuram nos momentos de necessidade e que a comunicação entre profissional é insatisfatória, já que os profissionais não dão tempo suficiente para os usuários realizarem questionamentos, não esclarecem dúvidas e nem investigam sobre outros problemas de saúde de forma suficiente. Outro achado importante é que as equipes que trabalham no controle da TB não estão realizando a avaliação dos comunicantes domiciliares e nem inserindo a família como aliada no processo de tratamento dos usuários de forma ideal. Entre os aspectos que permitem o diagnóstico precoce da TB estão a disponibilidade de transporte para a realização de exames, a visita domiciliar para entrega destes e a investigação dos comunicantes de pessoas com a doença já instalada. Por outro lado, a inabilidade dos profissionais de saúde em perceber a doença e para identificarem os sintomáticos respiratórios, o serviço de saúde não resolutivo, presença de TB extra pulmonar e atuação dos profissionais de saúde de forma não integral e humanizada retardam o diagnóstico. Entre os sentimentos frente ao diagnóstico de TB, encontram-se medo, receio e angústia decorrentes do preconceito e estigma apresentado pela comunidade e familiares. Conclui-se que há necessidade de aprimoramento da organização e do desempenho dos serviços de saúde, tanto das UBS quanto dos ambulatórios de referência, com o sentido de contribuir para o diagnóstico precoce, tratamento e controle da tuberculose.
Abstract: Owing to the global importance of tuberculosis, the organizational size and health services that integrate First Health Attention are highly relevant for the disease's control. Admittance, access, relationship and focus on the family should be given importance. Current analysis evaluated the organization and performance of services for the control of tuberculosis, within the range of the 15th Health Region of the state of Paraná, Brazil, from the patient's point of view. Current research is evaluative, with a quantitative and qualitative approach, and originated from the project titled "Assistance and control of tuberculosis in the state of Paraná". Eighty-nine people who were being treated of tuberculosis within the 15th Health Region of the state of Paraná were interviewed between April and June 2012 using the Primary Care Assessment Tool questionnaire. Quantitative data underwent analysis of variance and qualitative data were submitted to content analysis. Results showed that most patients were socially vulnerable. The Basic HealthUnit (BHU) was the first service which was sought after by 39.3% of patients when thef irst TB symptoms appeared. However, diagnosis for 42.7% of patients was undertaken in hospitals. The release of the disease diagnosis was very slow and the patient had to go several times to health units for attendance. Treatment access was better from the geographical point of view with regard to BHU and from the organizational point of view with regard to reference clinics. Indexes related to economical barriers for access and home visits by health professionals were unsatisfactory in both services. Although the nurse is the professional that patients sought in moments of need, communication between health professionals and patients were unsatisfactory. This was due to the fact that health professionals did not have sufficient time for patients to ask questions, clarify doubts, neither did they have time to investigate other health problems with sufficient preciseness.TB-control teams failed to evaluate home communication and insert the family as an all-in the patients' treatment process. Among the aspects that would facilitate early TB diagnosis is the availability of transport for undertaking clinical tests, home visits for test delivery and investigation of communicants when the disease has already established it self. On the other hand, the incapacity of health professionals in detecting the disease and in identifying respiratory symptoms, non-resolution health service, extra-pulmonary TB and part time health professionals delayed TB diagnosis. Fear, shame and anxiety were the feelings on a TB diagnosis due to bias and stigma by the community and family members. Results show that improvement in the organization and performance by BHUs and reference clinics is a must so that they would contribute towards early TB diagnosis, treatment and control. |