Resumo: Hanseníase é uma doença infecciosa crônica de evolução lenta causada pelo bacilo Mycobacterium leprae, que afeta primeiramente a pele e os nervos periféricos, podendo se manifestar em diferentes formas clínicas. Existe uma grande evidência para uma base genética de susceptibilidade do hospedeiro à doença per se e aos seus subtipos. Os receptores KIR são um grupo de moléculas ativatórias e inibitórias, presente principalmente na superfície das células NK, e a interação entre KIR e moléculas HLA, pode influenciar o padrão de resposta imunológica. O objetivo deste estudo foi investigar a associação de genes KIR e seus ligantes HLA na ocorrência da hanseníase e suas formas clínicas por meio de um estudo caso-controle. O estudo consistiu de 408 pacientes com hanseníase e 413 indivíduos saudáveis de uma região hiperendêmica do Brasil, tipificados para os genes KIR e HLA-A, B e C, pelo método de PCR-r SSOP Luminex. A análise estatística foi realizada pelo teste do Qui-quadrado ou teste exato de Fisher, além de uma análise de regressão logística multivariada, utilizando o método stepwise para análise dos dados. Verificou-se uma maior frequência dos genes KIR ativatórios (KIR2DS1, 2DS2 e 3DS1) na presença de seus ligantes HLA no grupo Tuberculóide (TT) em relação ao grupo Lepromatoso (LL). KIR2DL2/2DL2 - C1 foi mais frequente no grupo per se, TT e LL em relação ao grupo de controles. Pacientes Borderline apresentaram maior freqüência de pares inibitórios em relação ao grupo controle e maior freqüência de pares ativatórios em relação à forma LL. A análise multivariada confirmou as associações encontradas no teste do Qui-quadrado e revelou que o sexo feminino pode ser um fator protetor contra o desenvolvimento da doença e sua forma clínica mais grave. Em conclusão, este estudo demonstrou que genes KIR ativatórios e inibitórios podem ter algum efeito no desenvolvimento da hanseníase, destacando-se a influência dos genes ativatórios na proteção contra a forma mais agressiva da doença, evidenciando o papel das células NK na imunopatologia da hanseníase.
Abstract: Leprosy is a chronic infectious disease of slow evolution caused by Mycobacterium leprae, which primarily affects the skin and peripheral nerves and may manifest in different clinical forms. There is strong evidence for a genetic basis for host susceptibility to disease per se and its subtypes. KIR receptors are a group of inhibitory and activatory molecules, mainly present on the surface of NK cells, and the interaction between KIR and HLA molecules may influence the pattern of immune response. The aim of this study was to investigate the association of KIR genes and their HLA ligands in the occurrence of leprosy and its clinical forms through a case-control study. The study consisted of 408 leprosy patients and 413 healthy individuals from a hyperendemic region of Brazil, typified for KIR genes and HLA- A, B and C, by PCR-SSOPr Luminex. Statistical analysis was performed by Chi-square or Fisher exact test, and a multivariate logistic regression analysis, using the stepwise method for data analysis. There was a greater frequency of genes KIR activatory (KIR2DS1, 2DS2 and 3DS1) in the presence of their HLA ligands in the tuberculoid group (TT) compared to the lepromatous group (LL). KIR2DL2/2DL2 - C1 was more frequent in the group per se, TT and LL compared to the control group. Borderline patients showed a higher frequency of inhibitory peers compared to the control group and higher frequency of activatory pairs compared to the LL form. Multivariate analysis confirmed the associations found in the chi-square test and revealed that females may be a protective factor against the development of the disease and its most severe clinical form. In conclusion, this study demonstrated that KIR genes inhibitory and activatory, may have some effect on the development of leprosy, highlighting the influence of protectors activatory genes against the most aggressive form of the disease, highlighting the role of NK cells in the immunopathology of the leprosy. |