Resumo: As causas externas são consideradas problemas de caráter epidêmico e configuram um dos problemas mais sérios de saúde pública no mundo. No Brasil, as causas externas por traumas apresentam-se como a segunda causa de morte com tendências crescentes. O objetivo deste estudo foi analisar as vítimas de traumas e o desfecho dos óbitos em relação à efetivação ou não da doação de órgãos e suas causas. Trata-se de um estudo retrospectivo, transversal, descritivo com dados secundários. Foram analisados óbitos de vítimas de causas externas decorrentes de trauma atendidos nos hospitais do município de Maringá e Região Metropolitana, no ano de 2012 com idade entre 2 a 70 anos. Foram excluídos da pesquisa, óbitos no local do acidente, aqueles de causas externas não decorrentes de trauma, bem como aqueles que não possuíam identificação, por não se caracterizarem como potenciais doadores de órgãos. Os dados foram coletados por meio dos Relatórios de óbitos mensais dos hospitais que possuem Comissão Intra Hospitalares de Doação de Órgãos e Tecidos atuantes, enviados a Comissão de Organização de Procura de Órgãos na 15ª Regional de Saúde de Maringá. As informações faltantes foram complementadas com os prontuários dos pacientes. Posteriormente os dados foram digitados no software Excel 2010, codificados e analisados no programa EPI info 7.1.3.0. Para análise, foram empregadas a estatística descritiva e tabelas de contingência, foi realizado o teste qui-quadrado, e quando o mesmo não era adequado utilizou-se o teste exato de Fisher. Ocorreram um total de 1864 óbitos, sendo 871 óbitos nas instituições analisadas dentro da faixa etária para doação, destes 15,8% (134/871) potenciais doadores vítimas de trauma. O Traumatismo crânio encefálico ocorreu em 71,6% (96/134) das vítimas, destas 32,3% (31/96) foram submetidas a protocolo de morte encefálica e 4,2% (4/96) iniciaram o protocolo, porém tiveram Parada Cardiorrespiratória (PCR) antes do término, 63,5% (61/96) tiveram óbito por PCR. A prevalência de óbitos foi para o sexo masculino 80,6% (108/134) e faixa etária predominante de 18 a 40 anos com 52,23% (70/134). Os traumas que ocorreram com maior frequência foram os acidentes de trânsito com 56,5% (76/134), destes 58% (44/76) eram motociclistas, as agressões foram 25% (33/134) e destes 55% (18/33) por ferimentos por arma de fogo. Dentre os familiares abordados, 52% (29/56) autorizaram as doações. Dentre os motivos de recusa 23% (6/26) justificaram convicções religiosas. Dos casos de não doação entre pacientes abordados, houve uma maior negativa por parte dos familiares dos pacientes em Morte encefálica 61,53% (16/26). O percentual de não abordagem familiar foi de 58,20% (78/134), sendo que os motivos que tiveram destaque foram os casos de contra-indicação por sepse 39,70% (31/78) e hemodiluição 35,90 (28/78). Diante dos resultados, verifica-se a necessidade de implantar um treinamento contínuo aos profissionais da saúde, no que se refere ao processo de doação-transplante, como a utilização dos protocolos para manutenção adequada dos órgãos, notificação precoce e melhor manutenção hemodinâmica dos potenciais doadores, uma vez que houve um elevado índice de familiares não abordados. Tais estratégias poderiam possibilitar uma diminuição no número de familiares não abordados e um conseqüente aumento de doações nos casos passíveis de reversão.
Abstract: The external causes are considered a problem of the epidemic character and configure one of the most serious problems of Public Health in the world. In Brazil, the deaths by external causes present themselves as the second cause of death with increasing tendencies. This paper had as objective to characterize the victims of traumas and verify the denouement of the deaths occurred in relation to the effectuation or not of the organ donation and its causes. It is about a retrospective, transversal and descriptive study with secondary data. Were analyzed deaths of victims of external causes arising from trauma attended at the hospitals of the city of Maringá and its metropolitan region, in the year of 2012 with age between 2 and 70 years. Were excluded from the research deaths in the local of the accident, those of external causes not arising from trauma, as well as those ones that didn't have identification, for not characterizing themselves as potential organ donors. The data were collected through Reports of monthly deaths of the hospitals that have intra-hospital commission of Organs and Tissues Donation - CIHDOTT active sent to the Organization Commission of Organs Search - COPOTT in the 15th Health Regional of Maringá. The missing data were completed with the patients' records. Posteriorly the data were typed in the software Excel 2010 codified and analyzed in the program EPI info 7.1.3.0. To this analysis were used the descriptive statistics and charts of contingency, to which, whenever possible, was performed the chi-square test, and when the same was not suitable, it was utilized the exact test of Fisher. It occurred 1864 deaths, being 871 in the analyzed institutions within the age for donation, of these 15, 8% (134/871) potential donors, victims of trauma. 71, 6% (96/134) of the victims had encephalic Traumatism, of these 32, 3% (31/96) were submitted to the protocol of encephalic death and 4, 2% (4/96) initiated the protocol, however had cardio respiratory arrest (CRA) before the ending, 63,5% (61/96) had CRA. The prevalence was to the masculine sex 80, 6% (108/134) and predominant age of 18 to 40 years with 52, 23% (70/134). The traumas that occurred with higher frequency were the traffic accidents 56, 5% (76/134), among these 58% (44/76) were motorcyclists and the aggressions 25% (33/134) with 55% (18/33) by firearms. Among the relatives approached, only 51, 78% (29/56) authorized the donations. Among the motives of refusal 23% justified by religious convictions. From the cases of not donation of the approached patients, there was a higher negative in patients with encephalic death 61, 53% (16/26). The index of not approach was of 58, 20% (78/134), whereas the motives that had highlight were the cases of contra-indication by sepsis 39, 70% (31/78) and hemodilution 35,90 (28/78). Against the results, it is verified the necessity of implanting a continuous training to the health professionals, in what refers to the donation-transplant process, as the utilization of the protocols to the appropriate maintenance of the organs, early notification and better hemodynamic maintenance of the potential donors, once there was a high index of relatives not approached by motives many times reversible. |