Resumo: O objetivo geral deste estudo foi analisar a influência do transporte da mochila escolar com diferentes cargas nos ajustes posturais de crianças e adolescentes durante a marcha e sua relação com a percepção subjetiva de esforço. A amostra foi composta por 25 crianças e adolescentes do gênero masculino, com faixa etária entre 10 e 14 anos, com massa corporal média de 45,37 kg ± 10,63 kg, estatura média de 1,51 m ± 0,08 m e IMC de 19,60 kg/m2 ± 3,29 kg/m2. Foi realizada a classificação do IMC e classificação postural utilizando o teste de New York e valores descritivos de Rodrigues et al. (2013). Um questionário foi validado e utilizado para verificar características sobre o uso da mochila escolar. Para o registro da marcha com e sem mochila foi utilizado um sistema de análise tridimensional (sistema Vicon®) constituído por seis câmeras infravermelho com frequência de aquisição de 100Hz. Nas condições de análise com mochila, foram utilizadas cargas de 5%, 10%, 15% e 20% relativas à massa corporal de cada voluntário. Foram considerados três ciclos válidos da marcha para a análise das variáveis cinemáticas e angulares da cabeça, ombros, tórax, pélvis e joelhos no plano sagital. Após a execução da marcha em cada condição de análise, foi utilizada a escala OMNI para caminhada/corrida para verificar a percepção subjetiva de esforço. Os resultados demonstraram que, na avaliação da postura estática, 88,00% dos voluntários apresentaram desvios posturais moderados. A classificação do IMC não promoveu alterações significativas nas variáveis cinemáticas e nas amplitudes angulares. O processo de validação do questionário de autopercepção sobre o uso da mochila escolar indicou que o instrumento apresenta boa consistência interna (≥0,70) e reprodutibilidade. Sobre o uso da mochila escolar, 92% perceberam suas mochilas pesadas, 64% sentiram cansaço e 52% relataram que sentiram dores durante ou após o transporte da mochila escolar. Verificou-se que as cargas de 5%, 10%, 15% e 20% promoveram ajustes posturais e alterações na marcha de crianças e adolescentes e que a percepção subjetiva de esforço apresentou relação com tais alterações. Algumas variáveis apresentaram diferenças quando comparadas à marcha sem mochila. O comprimento do passo esquerdo e o comprimento da passada esquerda alteraram-se da linha de base nas condições 5% e 10%. O tempo do apoio simples direito foi diferente da linha de base nas condições 15% e 20%. O tempo do passo esquerdo, o tempo da passada esquerda e velocidade esquerda diferiram-se da linha de base nas condições 5%, 10% e 15%. A amplitude do joelho direito diferiu-se da linha de base na condição 10% e amplitude do tórax esquerdo nas condições 10%, 15% e 20%. Conclui-se que a postura, a percepção de esforço e a cinemática da marcha alteram-se com o incremento de carga na mochila escolar.
Abstract: The aim of this study was to analyze the influence of carrying a backpack with different loads in the posture of children and adolescents during gait and its relation to perceived exertion. The study included twenty five children and adolescents, aging between 10 and 14 years old with the following body measurements: mean body weight 45,47 ± 10,63 kg, average height 1,51 ± 0,08 m and body mass index 19,60 ± 3,29 kg/m2. The New York Test and descriptive values from Rodrigues et al. (2013) were used to rank BMI and posture. A questionnaire was validated and used to analyze the perceptions on the use of backpack. A three-dimensional analysis system (Vicon® system) composed of six infrared cameras with an acquisition frequency of 100Hz was used to record motion with and without the backpack. Magnitude loads of 5%, 10%, 15% and 20% relative to body weight were used. Three cycles of gait were analyzed to obtain spatiotemporal and angular variables of the head, shoulders, thorax, pelvis and knee in the sagittal plane. The OMNI scale for walking/running was used to check the perceived exertion. Results from the static posture evaluation showed that 88,00% of the volunteers had moderate postural deviation. The BMI classification did not cause significant changes in the spatiotemporal variables and the angular amplitudes. The validation of the questionnaire on the use of the backpack indicated that the instrument had good internal consistency (≥ 0,70) and reproducibility. As for the use of the backpack, 92% perceived their backpacks as heavy, 64% felt tired and 52% reported they felt pain during or after transport. It was found that loads of 5%, 10%, 15% and 20% caused postural adjustments and changes in gait in children and adolescents and that the perceived exertion was related to such changes. Some variables showed differences when compared to gait without backpack. The left-step length and left-stride length were different from baseline conditions with 5% and 10% loads. The simple right support time was different from the baseline conditions with loads of 15% and 20%. The left-step time, the left-stride time and left velocity were different from baseline with 5%, 10% and 15% loads. The amplitude of the right knee with a 10% load and the amplitude of the left thorax at the 10%, 15% and 20% conditions were different from baseline. In conclusion, this study showed that posture, perceived exertion and gait kinematics are changed with increased backpack load. |