Resumo: A ausência ou perda de recompensas ou reforços tem um importante papel no desenvolvimento de depressão em humanos. Estudos utilizando microdiálise em ratos tem mostrado que estímulos apetitosos liberam dopamina (DA) nas porções central (miolo = 'core') e periférica (casca = 'shell') do Núcleo accumbens (NAc). Não está claro, porém, como a extinção de uma recompensa afeta os níveis de DA. Avaliar como a oferta e a extinção da recompensa (comida) afeta o comportamento e a liberação de DA no NAc de ratos submetidos ao modelo de depressão induzida por extinção. A técnica de microdiálise in vivo foi utilizada para quantificação dos níveis de DA no NAc. Ratos Wistar machos foram treinados a receber recompensa (comida) associada às lâmpadas sinalizadoras, sendo que a extinção era provocada pela apresentação das lâmpadas sinalizadoras, porém, sem a comida. Diferentes protocolos foram usados para verificar os efeitos da extinção sobre o comportamento e os níveis de DA e seus metabólitos. (a) durante o período de recompensa sinalizada, o nível de DA aumentou significativamente no centro do NAc, mas não na periferia; (b) os níveis de DA permaneceram igualmente aumentados frente à extinção (lâmpadas sinalizadoras sem recompensa) e à não-extinção (ausência das lâmpadas sinalizadoras); (c) quando instituída 1 hora após a recompensa, a extinção provocou um redução no nível de DA somente na porção central do NAc. Efeito similar apareceu quando a extinção foi instituída 24 horas após a recompensa; (d) o comportamento de autolimpeza se mostrou estar associado à extinção, enquanto que olhares em direção às luzes sinalizadoras poderiam indicar uma resistência à extinção. (a) a presença da recompensa foi acompanhada de um aumento nos níveis de DA no centro do NAc, indicando a importância desse neurotransmissor nos estados emocionais relacionados à gratificação; b) os resultados evidenciam que a retirada de uma recompensa esperada (equivalente à frustração) vem acompanhada de uma diminuição nos níveis de DA no centro do NAc, mas não na sua periferia; c) esta diminuição de DA aparece apenas após um intervalo entre recompensa e extinção, provavelmente devido ao fato de ser mascarada pela persistência da liberação de DA pós recompensa. Esses dados sugerem, portanto, que a diminuição da liberação de DA induzida por extinção na porção central do NAc pode ser um marcador de depressão/desespero decorrente da perda de recompensas/reforços esperados.
Abstract: The absence of or loss of rewards or reinforces hold a major role in the development of depression in humans. Microdialysis studies in rats have generally shown that appetitive stimuli release dopamine (DA) in the nucleus accumbens (NAc). However, it is not clear how the extinction of a reward affect the DA release. Assessing the behavior and the release of DA in the NAc during delivery and extinction of reward (food) in rats submitted to the extinction-induced depression model. In vivo microdialysis was used to quantify the levels of DA in the NAc. Male Wistar rats were trained to receive food reward associated with appearance of cue-lights. The extinction happened when the cuelights were presented without the reward. Different protocols were used to assess the effects of extinction on the behavior and on the levels of DA and its metabolites. (a) during the period of cued reward delivery, DA levels increased significantly in the NAc core but not in the NAc shell; (b) the level of DA remained increased during extinction (the absence of reward with the cue lights presented) e non-extinction (absence of cue-lights); (c) when extinction was administered 1 hr after the reward, DA significantly decreased in the NAc core, but not in the NAc shell. The same happened when the extinction was administered 24 hrs after the last reward session; (d) grooming seems to be an extinction-induced behavior, and the glances toward the cue-lights an index of resistance to extinction. these results confirm the importance of dopamine release in the nucleus accumbens for reward-related states, with DA increasing in the core, but not shell subregion; b) provide evidence that during the withholding of expected reward, DA decreases in the NAc core, but not shell region; c) this decrease in DA appears only after a delay between delivery of reward and extinction likely due to it being masked by persisting post-reward DA release. We hypothesize the decrease in extinction-induced release of DA in the Nac core to be a marker for the despair/depression that is known to accompany the loss of expected rewards/reinforcers. |