Resumo: Desde 2004, diversas instituições públicas de ensino superior em todo o país adotaram a política de cotas sociais e raciais como garantia de ingresso a um setor da sociedade onde os menos favorecidos tinham acesso escasso à universidade pública. Na Universidade Estadual de Londrina (UEL), a política de cotas iniciou-se no vestibular de 2005, sendo reavaliada em 2012, quando foi alterada a questão da proporcionalidade, na qual a reserva para cotistas passou a ser em relação ao número de vagas ofertadas por curso. Uma nova avaliação, bem como a aprovação pela continuidade dessa política, será discutida em 2017. O presente trabalho propõe-se a fazer uma análise dos dados quantitativos e qualitativos do sistema de cotas raciais na UEL, durante um período de dez anos (2005-2014), de modo a conhecer e analisar o desempenho dos estudantes cotistas raciais nos 69 cursos de graduação ofertados pela UEL identificando os principais problemas enfrentados pelos mesmos na graduação, como lidam ou superaram tais problemas, como estão após a conclusão do curso e como avaliam o sistema de cotas. A análise quantitativa foi baseada nas informações fornecidas pela Pró-Reitoria de Graduação por meio de uma planilha contendo dados dos estudantes matriculados, formados e evadidos, nos três sistemas de ingresso (universal, cotas raciais e cotas de escola pública), no período de 2005 a 2014. Para os dados qualitativos foi disponibilizado um questionário com questões abertas e fechadas para dois grupos de estudantes, os ativos na graduação e os que se formaram. O estudo alinha-se ao pensamento dos sociólogos Bourdieu e Lahire, acerca do habitus, bem como das disposições e estratégias utilizadas pelos estudantes cotistas negros para se manterem em um curso superior, campo onde historicamente não tinham representatividade por serem socialmente vistos como incapazes.
Abstract: Since 2004, various public institutions of higher education throughout the country adopted the policy of social and racial quotas as a guarantee admission to a sector of society where the poor people has little access to public universities. The State University of Londrina (UEL), quota policy began in the vestibular 2005, being re-evaluated in 2012, when the issue of proportionality has been changed, in which the reserve for racial quota holders became the number of vacancies offered per course. A new evaluation and approval for the continuation of this policy will be discussed in 2017. This work proposes to make a quantitative and qualitative data analysis from the racial quota system at UEL, over a period of ten years (2005- 2014) in order to understand and analyze the performance of racial quota students in 69 undergraduate courses offered by UEL and identifying the main problems faced by them in graduation, how they deal or overcome such problems, how they are after finishing the course and how they evaluate the quota system. Quantitative analysis was based on information provided by the Dean of Undergraduate Studies through a spreadsheet containing data of enrolled students, graduates and dropouts in the three entry systems (universal, racial quotas and public school quotas) from 2005 to 2014. For the qualitative data were provided a questionnaire with open and closed questions for two groups of students, active in undergraduate and alumni. The study aligns the sociologists' thinking of Bourdieu and Lahire, about habitus, and the provisions and strategies used by racial quota holders to stay on a college field where historically had no representation to be seen as socially unfit. |