Resumo: A adesão dos profissionais da saúde às recomendações para a higienização das mãos é reconhecida como a medida mais importante para prevenir a transmissão das infecções relacionadas à assistência à saúde. Entretanto, a adesão à higiene das mãos permanece inaceitavelmente baixa, com taxas geralmente inferiores a 50% na maioria dos hospitais, constituindo um desafio para o controle de infecções em todo o mundo. Na prática odontológica esse assunto, apesar da sua importância, tem sido pouco investigado. Avaliar a prática de higienização das mãos em uma clínica odontológica ensino antes e após uma campanha educativa sobre higiene das mãos. Estudo observacional direto, prospectivo, conduzido de junho a novembro de 2015 em uma clínica odontológica ensino para avaliar a adesão à higiene das mãos de estudantes do 3º, 4º e 5º anos do curso de odontologia, pós-graduandos e docentes (N=190), antes e depois de uma campanha sobre higiene das mãos. A execução dos sete passos da técnica de higiene das mãos foi também investigada. O tempo total de observação foi de 105 horas distribuídas em 70 sessões de 1h30min, realizadas nos turnos da manhã e da tarde. Três observadores incógnitos, utilizando como modelo de estudo os cinco momentos recomendados pela Organização Mundial da Saúde para a higiene das mãos na prática odontológica, registraram 3152 oportunidades para a higiene das mãos. A taxa geral de adesão à higienização das mãos foi de 14%, sendo 11% (175/1588) antes da campanha e 17% (271/1564) após a campanha (P<0,001). A campanha resultou no aumento da adesão à higiene das mãos em diferentes momentos para algumas categorias dos participantes. Em geral, houve aumento da adesão no momento 1 (antes do contato com o paciente) e no momento 2 (antes da realização de procedimentos assépticos). Em relação à execução da técnica de higiene das mãos, os passos 2, 4, 5, 6 e 7 foram os mais negligenciados antes da campanha. Quatro destes passos foram também os que mostraram mais falhas no treinamento de antissepsia das mãos com álcool gel fluorescente realizado durante a campanha. Após a campanha houve uma melhora significativa na higienização das mãos dos estudantes do 3º ano (passos 2, 4, 5, 6 e 7), dos estudantes do 4º ano (passo 4) e dos pós-graduandos (passos 2 e 3). No teste sobre a importância da higienização das mãos na prática odontológica aplicado durante a campanha 48% das respostas foram corretas. A maioria dos estudantes de graduação (83%; 83 de 100) nunca participou de campanha sobre higiene das mãos ou de treinamento da técnica de antissepsia das mãos com álcool gel. Os resultados mostraram uma baixa taxa de adesão à higiene das mãos e falhas na execução da técnica. A campanha educativa promoveu um aumento significativo, embora muito abaixo do aceitável, da higiene das mãos dos estudantes e docentes durante os cuidados aos pacientes. Apesar da baixa adesão observou-se após a campanha uma melhoria na execução da técnica de higiene das mãos para algumas categorias de participantes. Os resultados também sugerem a necessidade da implantação de um programa de educação continuada sobre boas práticas de higienização das mãos na clínica odontológica ensino para estimular a adesão à higiene das mãos e enfatizar sua importância na prática odontológica.
Abstract: Adherence of healthcare workers to recommended hand-hygiene procedures is acknowledged as the most important practice in preventing healthcare-associated infections. However, adherence to hand hygiene remains unacceptably low, with rates usually below 50% in most hospitals. In fact, it stands as a challenge for infection control worldwide. In dental practice this issue, albeit important, has been little investigated. To evaluate hand hygiene practices in a school dental clinic before and after an educational campaign on hand hygiene. Current direct, prospective, observational study was undertaken between June and November 2015 in a university dental clinic to assess adherence in hand hygiene by 3rd, 4th and 5th year students, post-graduate students and professors (N=190) of the School of Dentistry, before and after an educational campaign on hand hygiene. The performance of the seven-step hand hygiene technique was also evaluated. Overall observation time reached 105 hours in one-and-a-half-hour sessions during the morning and afternoon shifts. Three covert observers registered 3152 opportunities for hands hygiene according to World Health Organization's Your 5 Moments for Hand Hygiene in dental settings. Overall adherence rate in hand hygiene reached 14%, or rather, 11% (175/1588) prior to the campaign and 17% (271/1564) after the campaign (P<0.001). The campaign increased adherence in hand hygiene at different moments for certain categories of participants. As a rule, adherence increased at moment 1 (before touching a patient) and moment 2 (before clean/aseptic procedure). Steps 2, 4, 5, 6 and 7 in the execution of hand hygiene technique were the most neglected prior to the campaign. Four of these steps revealed the most flaws in antisepsis training of hands with fluorescent alcohol gel during the campaign. There was a significant improvement in hand hygiene in 3rd year (steps 2, 4, 5, 6 and 7), 4th year (step 4) and post-graduate (steps 2 and 3) students. Further, 48% of responses on the importance of hand hygiene in dentistry were correct. Most undergraduate students (83%; 83 of 100) had never participated in a hand hygiene campaign or in an antisepsis training in hand hygiene with alcohol gel. Results revealed low adherence rate in hands hygiene and flaws in the execution of the technique. The hand hygiene campaign triggered a significant increase, albeit unacceptably low, in students´ and professors´ hand hygiene during patients´ dental care. Improvement in the hand hygiene technique for some categories of participants occurred after the campaign in spite of low adherence. Results also suggested the establishment of a continuous educational program on good practices in hand hygiene in a dental clinic to trigger adherence of hand hygiene and underscore its importance in dentistry care. |