Resumo: Na infância, as noções e os hábitos de cuidados com a saúde devem começar a se formar, permitindo assim que as ações educativas implementadas mais tarde baseiam-se no reforço de rotinas já estabelecidas. O trabalho educativo com pré-escolares é importante na construção de hábitos adequados que levem à saúde, incluindo o auto-cuidado com a saúde bucal. Neste aspecto, é importante uma abordagem integrada e multiprofissional que inclua os profissionais de saúde em geral e agentes auxiliares de educação, como pais ou responsáveis e professores. Deste modo, o objetivo geral desta pesquisa é avaliar o impacto de um programa de atenção à saúde bucal em pré-escolares do Centro de Ensino Infantil (CEI) Lar Escola Bom Samaritano. Participaram voluntariamente da pesquisa, após assinarem o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, crianças, mães ou responsáveis, professoras e integrantes da equipe da Estratégia Saúde da Família (ESF) responsável pela área de abrangência que inclui este CEI. O estudo foi realizado em três fases. Na Fase I foi realizada a identificações dos problemas por meio de exames clínicos intra-bucais e aplicação de questionários. Na Fase II foi realizada a intervenção nos problemas anteriormente identificados, por meio de atividades educativas e preventivas, capacitação dos adultos evolvidos para uma valorização da saúde bucal e realização de Tratamento Restaurador Atraumático nas crianças que não tiverem acesso ao atendimento odontológico em Unidade Básica de Saúde (UBS). E por fim, a Fase III, que teve por objetivo a reavaliação dos dados levantados inicialmente por meio da comparação com dados que foram coletados 12 meses após o início do estudo. Na avaliação dos dados da Fase I, um alto índice de placa bacteriana e uma baixa prevalência de cáries foram encontrados. A experiência de cárie foi estatisticamente associada com as variáveis: idade da criança e nível de educação dos pais, p=0.015 e p=0.039, respectivamente. Além disso, uma associação estatística foi encontrada entre severidade da cárie e razão da primeira visita ao dentista (p=0.001). Na fase II, os acadêmicos da graduação participaram ativamente das atividades propostas interagindo com as crianças, pais, professores e equipe da ESF, reproduzindo os ensinamentos teóricos na prática e desenvolvendo o trabalho em grupo. Em relação à Fase III, apesar de não ter ocorrido mudanças no índice de placa bacteriana, a redução no número de dentes cavitados e o aumento no número de dentes restaurados foram identificados como pontos positivos da estratégia adotada. Conclui-se que existe a necessidade de qualificar e integrar os pais, professora e equipe da ESF para melhorar os cuidados com a saúde bucal. Além disso, é necessário um período maior de acompanhamento desse tipo de programa para se obter resultados mais consistentes sobre seu impacto na saúde bucal das crianças. |