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Título: Manejo de recursos pesqueiros em reservatórios
Autor(es): AGOSTINHO, A.A.
Palavras-chave [PT]:
Recursos pesqueiros. Manejo. Reservatórios. |
Palavras-chave [EN]:
Fishery. Management. Reservoirs. |
Resumo:
Introdução
Os represamentos constituem-se na maior fonte pontual de interferência humana nos regimes hídricos naturais. O número crescente deles e os impactos que exercem nas características hidrológicas e, por conseqüência, nos atributos físicos, químicos e biológicos dos sistemas naturais têm despertado o interesse pelo seu manejo, tanto para fins preservacionistas como de explotação. O manejo de recursos biológicos em reservatórios é, no entanto, uma atividade complexa e que, a exemplo do de outros ambientes, carece de informações consolidadas sobre as quais possa se embasar. A heterogeneidade de situações nos ambientes represados, posicionando-se em algum ponto do contínuo entre o rio e lagos naturais e a natureza recente e instável de suas comunidades, resultantes de implicações daquelas pré-existentes, tornam as atividades de manejo nestes ambientes ainda mais complexas. Os problemas conceituais, metodológicos e a falta de consolidação da disciplina como um ramo autônomo das ciências ambientais além daquelas relacionados ao caráter multidisciplinar de suas premissas são complicadores adicionais.
A falta de informações básicas nos diferentes níveis de organização dos ecossistemas e da maneira com a qual eles se comportam frente às perturbações impostas pelos represamentos, contrastam com as inúmeras oportunidades de estudos oferecidas pelos sucessivos barramentos realizados nos principais cursos d’água da América do Sul. Assim, pouco se conhece dos processos de interesses ecológico que se efetivaram em cerca de 65 reservatórios instalados no trecho brasileiro da bacia do rio Paraná. A bem da verdade, não dispomos sequer de um levantamento das espécies presentes na maioria deles. Podemos atribuir este fato à tão repetida "falta de recursos" ou mesmo à falta de sensibilidade das instâncias decisórias das concessionárias hidrelétricas. Isto obviamente é procedente. Outros fatores, no entanto, poderiam estar também relacionados. Entre estes as dificuldades de se investigar um ambiente não convencional como o dos grandes reservatórios quando toda limnologia se fundamentava sobre conceitos desenvolvidos para lagos naturais e rios.
Por outro lado, o caráter multidisciplinar requerido na abordagem dos estudos ecológicos numa comunidade acadêmica, onde os esforços são dirigidos principalmente para os estudos compartimentalizados, poderia estar relacionado à perda destas oportunidades. Neste sentido deve ter contribuído, também, o fato de os ambientes chamados "degradados" não exercerem fascínio no meio acadêmico. Muitos pesquisadores, até a pouco tempo, mostravam-se relutantes em aplicar seu tempo na investigação destes ambientes e freqüentemente assumiam uma postura preconceituosa em relação a estes estudos.
Na ausência de bases para sua ação, o administrador de recursos naturais em reservatórios, freqüentemente se vê pressionado por forças políticas, econômicas, sociais e mesmo por contingências do próprio ambiente, a tomar decisões de manejo que na ciência pura poderiam ser consideradas como empíricas ou no máximo como uma hipótese de trabalho. Os responsáveis pelo manejo raramente dispõem de tempo, autorização ou pessoal tecnicamente qualificado para experimentação.
A questão constantemente colocada é se os riscos de ações não apropriadas são menores que a ausência de ação. É óbvio, que em algumas circunstâncias, quando o "fazer nada" implica em prejuízo ambiental irreversível, algo deve ser feito. Em diversas situações, entretanto, a decisão entre "fazer ou não fazer" poderia ser menos arriscada se dela participassem, além do corpo técnico executor da ação, os pesquisadores da área acadêmica.
O reconhecimento de que o manejador vive a realidade do reservatório, detendo as informações sobre as pessoas que afetam e são afetadas por este ambiente e que é no meio acadêmico que os conhecimentos são gerados, testados e sistematizados é um bom começo. Felizmente esta tendência de respeito mútuo e interação tem nos dias atuais marcado as relações de algumas concessionárias hidrelétricas e Universidades. |
Descrição:
AGOSTINHO, Angelo Antonio. Manejo de recursos pesqueiros em reservatórios. In: AGOSTINHO, Angelo Antonio; BENEDITO-CECILIO, Evanilde (Ed.). Situação atual e perspectivas da ictiologia no Brasil. Documentos do IX Encontro Brasileiro de Ictiologia. Prefácio de Angelo Antonio Agostinho e Anna Emilia Amato de Moraes Vazzoler. Maringá: EDUEM, 1992. cap.12, p.[106]-121. |
Código: 163
Responsavel: admin
Categoria: Aplicação
Formato: Documento PDF
Arquivo: 017-Manejo Pesqueiro SBI.pdf
Tamanho: 1569 Kb (1606408 bytes)
Criado: 18-04-2008 14:44
Atualizado: 30-05-2008 11:11
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