Resumo: Investigou-se a dieta de sete espécies de peixes que consomem predominantemente macroinvertebrados bentônicos, e a disponibilidade desses organismos no ambiente. Foi testada a hipótese de que embora todas consumam presas bentônicas, as espécies de peixes utilizam estes recursos de forma diferente. As amostragens de peixes e macroinvertebrados foram realizadas em quatro riachos pertencentes à sub-bacia do rio Pirapó (bacia do alto Rio Paraná). A dieta dos peixes foi avaliada através do método volumétrico. Variações individuais e interespecíficas na composição da dieta foram sintetizadas por uma análise de ordenação (PCoA), e diferenças interespecíficas na composição da dieta foram testadas por uma PERMANOVA. A amplitude do nicho foi calculada pelo índice padronizado de Levins. A abundância dos macroinvertebrados foi expressa como número de indivíduos/m2. Para verificar a existência de correlação entre a abundância de macroinvertebrados consumidos e disponíveis no ambiente, foi utilizada uma correlação de Spearman. As espécies analisadas consumiram essencialmente formas jovens de insetos, porém para a maioria delas foram registradas diferenças significativas na composição da dieta e apresentaram baixos valores de amplitude do nicho (<0,35). De forma geral, Chironomidae, Ephemeroptera, Trichoptera e Ostracoda foram os macroinvertebrados mais abundantes nos riachos. Para cinco, das sete espécies analisadas, não foi encontrada correlação significativa entre a abundância de macroinvertebrados no ambiente e na dieta. Os indicadores mostraram que embora todas as espécies se alimentem no fundo, elas utilizam os recursos alimentares disponíveis no ambiente de forma diferente. A falta de correlação entre a abundância de presas consumidas com as disponíveis no ambiente para a maioria das espécies indica que os macroinvertebrados mais consumidos não foram os mais abundantes no ambiente. Provavelmente os resultados foram influenciados por características morfológicas e estratégias alimentares particulares de cada predador e também, pela morfologia e hábitos das presas.
Abstract: This study investigated the diet of seven species of fish that consume predominantly benthic macroinvertebrates, and the availability of these organisms in the environment. It was tested the hypothesis that while all consume benthic prey, they use these resources differently. Fish and macroinvertebrate were sampled in four streams wich belong to the Pirapó River sub-basin (upper Paraná River Basin). Fish diet was evaluated by the volumetric method. Individual and interspecific variation in diet composition were synthesized by an ordination analysis (PCoA), and interspecific differences in diet composition were tested by a PERMANOVA. To estimate the trophic niche breadth it was used the standardized index of Levins. The abundance of macroinvertebrates was expressed as number of individuals /m². To verify the existence of correlation between the abundance of macroinvertebrates consumed and available in the environment, a Spearman correlation was used. The seven species analyzed essentially consumed aquatic insects, but for most of them were registered significant differences in diet composition. The values for trophic niche breadth were low for all species (<0.35). In general, Chironomidae, Ephemeroptera, Trichoptera and Ostracoda were the most abundant macroinvertebrates in streams. For five of the seven species analyzed, there was no significant correlation between the abundance of macroinvertebrates in the environment and diet. The results showed that although all species feed on the bottom, they utilize the available food resources in the environment differently. The lack of correlation between the abundance of prey consumed and available in the environment for the majority of species suggests that the most consumed preys was not the most abundant in the environment. These results are probably influenced by morphological characteristics and particular food strategies of each predator and also for the morphology and habits of prey. |