Resumo: A biomassa de plantas emergentes inundada após uma seca extrema confere uma nova estruturação ao sedimento. Testou-se as hipóteses de que (i) as ocorrências de macrófitas submersas enraizadas são negativamente associadas com ocorrência de locais onde o sedimento é estruturado pela necromassa inundada de macrófitas emergentes; (ii) o sedimento estruturado pela biomassa recém inundada de Urochloa arrecta dificulta o estabelecimento de Egeria najas e Hydrilla verticillata; (iii) que H. verticillata, mesmo sendo afetada negativamente pela estruturação do sedimento proporcionada por U. arrecta, ainda apresentaria maior taxa de crescimento relativo e investimento em raízes que E. najas já que H. verticillata possui melhores habilidades de colonização. Testou-se também, a hipótese de que (iv) o sedimento estruturado pela biomassa inundada de Urochloa arrecta promoveria maior liberação de nutrientes dissolvidos que o sedimento sem estruturação. Foram coletados dados de ocorrência das macrófitas submersas e de locais com substrato estruturado por vegetação inundada dois anos após uma seca extrema. Avaliou-se, experimentalmente, a taxa de crescimento relativo (TCR) e o investimento em raízes das macrófitas submetidas a quatro tipos de estruturação de substrato: estruturado pela biomassa inundada de U. arrecta; por Polygonum ferrugineum; estruturado artificialmente e por sedimento não estruturado. Divergências entre a abordagem amostral e experimental surgiram revelando que interações entre macrófitas emergentes e as submersas, como verificado para as espécies estudadas, não devem ser negligenciadas. Devida a alta dominância dessas espécies (especialmente de U. arrecta, por ser invasora), os aportes de nutrientes promovidos por sua decomposição pode aumentar a invasibilidade facilitando o estabelecimento de espécies submersas invasoras, conforme sugerido pelos experimentos. Ao mesmo tempo, caso não ocorra a presença de propágulos de invasoras na fase de liberação de nutrientes, o acúmulo de necromassa parece inibir o crescimento das mesmas, conforme encontrado in situ.
Abstract: The flooding of emergent plants after an extreme drought confers a new sediment structuration. This study tested the hypotheses that (i) the submersed macrophytes occurrences decrease in sites where the sediment is structured by emergent macrophyte flooded biomass, and that (ii) the sediment structured by the biomass one emergent maccophyte (Urochloa arrecta) recently flooded hinder Egeria najas? and Hydrilla verticillata colonization; (iii) the submersed invader (H. verticillata) is less affected than E. najas owning to its better colonization potential, and (iv) the structured sediment by U. arrecta would promote higher dissolved nutrient release than the non-structured sediment. It was collected data about the occurrence of submersed macrophytes in sites with and without structuration by biomass of emergent macrophytes that were flooded two years before this study. It was also experimentally assessed the submersed macrophytes relative growth rates and the root investment on four kinds of substratum structuration provided by U. arrecta; by P. ferrugineum; artificially structured and by non-structured sediment. Divergence between the experimental and the observational approaches revealed that the interactions between emergent and submersed macrophytes, as the species studied in this work, should not be neglected. Owning to the high dominance of these species (highlighting the invasive U. arrecta), the nutrient inputs promoted by their decomposition could increase the invisibility, facilitating the establishment of invasive submersed macrophytes, as verified in our experiments. At the same time, if invaders propagules pressure is low at the nutrient release stage, death biomass accumulation seems to inhibit their growth, as verified in situ. |