Resumo: As invasões biológicas têm recebido considerável atenção nas últimas décadas, pois espécies invasoras têm causado diversos impactos ecológicos e econômicos nos ecossistemas. A presença de espécies nativas tem sido apontada como uma forma de conter a propagação de espécies invasoras devido à resistência biótica exercida pelas mesmas sobre as espécies invasoras. Foi testado experimentalmente o efeito da herbivoria do molusco nativo Pomacea canaliculata sobre as espécies de macrófitas invasora Hydrila verticillata e nativa Egeria najas para avaliar essa interação biológica como uma forma de resistência biótica. Ainda, as espécies de macrófitas foram oferecidas individual e conjuntamente ao molusco para avaliar a preferência alimentar. Ambas as macrófitas foram avaliadas quanto a disponibilidade energética e maleabilidade, sendo esta última característica um indicativo de palatabilidade. Os resultados indicam que P. canaliculata consumiu maior biomassa de H. verticillata quando disponibilizada individual e conjuntamente com E. najas, sugerindo uma preferência alimentar pela espécie de macrófita invasora. Maiores valores de calorimetria e maleabilidade foram registrados para H. verticillata, o que indica que a espécie invasora possui maior disponibilidade energética e palatabilidade do que a espécie nativa E. najas. Sendo assim, a presença de P. canaliculata em ambientes aquáticos pode caracterizar um habitat com maior resistência biótica às invasões por H. verticillata, pois devido a sua preferência alimentar e elevadas taxas de herbivoria sobre H. verticillata, o molusco nativo P. canaliculata pode ser considerado um potencial controlador biológico da espécie de macrófita invasora. Por fim, sugere-se que experimentos variando a disponibilidade do recurso alimentar, bem como as densidades do molusco nativo sejam desenvolvidos para avaliar diferentes cenários de invasão e a capacidade de controle biológico pelo molusco nativo em cada um dos cenários.
Abstract: Biological invasions have received considerable attention in recent decades, for causing many ecological and economic impacts on the invaded ecosystems. The presence of native species has been pointed out as a way to hamper propagation invasive species due to biotic resistance exerted by native species over invasive species. In this study was tested experimentally, the grazing effect of native mollusk Pomacea canaliculata over invasive macrophyte species Hydrilla verticillata and the native one Egeria najas to evaluate the biological interaction as a form of biotic resistance. Both species of macrophytes were offered individually and combined as food resources to the mollusk to evaluate its feeding preference. The macrophytes were evaluate according their calorimetry and malleability (i.e., indicatives of energy availability and palatability, respectively). The results indicate a higher H. verticillata biomass consumption by P. canaliculata when such macrophyte was available both individually and combined with E. najas, suggesting a snail feeding preference for the invasive macrophyte species. In fact, the highest values of calorimetry and malleability were record for H. verticillata, which indicates invasive species presents greater energetic availability and palatability than the native species E. najas. Therefore, aquatic environments where there is the presence of P. canaliculata may characterize habitats with higher biotic resistance to H. verticillata invasions, because both feeding preference and high rates of herbivory showed by this snail on H. verticillata. Native mollusk P. canaliculata can be considered a potential biological controller over invasive macrophyte species. Finally, it is suggested experiments in which both food resource availability and native mollusk densities could be altered in a way to evaluate how the different biological control capacities by the native mollusk act over different invasion scenarios. |