Resumo: Esta dissertação tem por objeto a análise da obra Conquista Espiritual (1639), do Padre Antonio Ruiz de Montoya, especificamente o discurso de resistência e revide, a ação e reação dos jesuítas e indígenas na Colonização Ibérica na região do Guairá, que incluía o atual Norte do Paraná, nos séculos XVI e XVII. Nesta região os jesuítas foram os arautos do colonialismo europeu ao estabelecer um novo sistema de contato e evangelização com a criação das Reduções, nas quais conseguiram reunir os índios em contraposição ao seu modo de viver seminômade. Esta não foi, porém, a única alteração no modo de vida dos silvícolas promovida pelos jesuítas ao longo do período de 30 anos de atuação na região do Guairá. A perspectiva desta dissertação passa por uma análise do documento etno-historiográfico de Montoya sob o ponto de vista contemporâneo, cuja analogia com a bibliografia já produzida permite destacar elementos que podem esclarecer pontos importantes sobre os embates entre a colonização espanhola e portuguesa nesta região e o papel dos inacianos da Companhia de Jesus diante do desbravamento e dos litígios de que a região foi palco naquele tempo, com enfoque na ação catequética e a resistência armada/violência, resistência discursiva indígena organizada pelos caciques, pajés e xamãs, a voz indígena e a subjetificação, além da disputa entre encomendeiros, bandeirantes e colonos espanhóis.
Abstract: Conquista Espiritual (1639), written by Peruvian jesuit Antonio Ruíz de Montoya, is analyzed as a discourse of resistance and answering back, as intervention and reaction of the Jesuits and Amerindians during the Spanish colonization in the Guairá region which included the north of the state of Paraná, Brazil, during the 16th and 17th centuries. The Jesuits were the messangers of European colonialism through the introduction of a new system of contact and evangelization in the wake of the establishment of the Reductions in which the Indians were gathered against their semi-nomade life style. This is not the sole way of life that the forest dwellers had to change through the activities of the Jesuits during the 30 years of mission work in the northwestern region of the Guairá. Current dissertation analyzes Montoya's ethno-historiographic document from the point of view of contemporary thought whose analogy with the bibliography enhances elements that may clarify important items on the struggle between the Spanish and Portuguese colonizers in the region and the role of the Jesuit fathers during the discoveries and "wars" in the area. The catechetical activities, armed violence and discursive violence organized by the Indian chiefs and witchdoctors, the voice of the Amerindians and their subjectification, coupled to the disputes between plantation owners, "bandeirantes" and Spanish colonizers are focussed and discussed. |