Resumo: A abordagem histórica e descritiva proposta por Thomas Kuhn, da transformação do pensamento científico, pressupõe a noção de revolução científica, etapa em que o arcabouço teórico, de uma teoria científica (paradigma) é substituído por outro. Essa abordagem expõe o profundo caráter filosófico, histórico e social das Ciências, na medida em que mostra que as mudanças de paradigma são processos socialmente complexos e não-lineares. Em sua obra clássica A Estrutura das Revoluções Científicas, Kuhn, na qualidade de físico, traz detalhados exemplos de revoluções científicas ocorridas na Física. Na Química, ele afirma que o trabalho de Lavoisier constituiu-se também numa revolução, e comenta a impossibilidade de fazer atribuição da "descoberta" de novos elementos químicos (em particular do oxigênio) aos cientistas que com este gás se envolveram em meados do século XVIII. Após os trabalhos de Kuhn, diversos filósofos e historiadores da Ciência especularam a cerca da epistemologia da Física. Na Química, pelo menos no Brasil, tais discussões só recentemente têm-se feito presentes. Neste trabalho analisamos o caráter evolucionário da obra de Lavoisier, na concepção de Kuhn, apresentados nos artigos publicados no Brasil e que têm se constituído em importante meio de divulgação e de discussão epistemológica do trabalho do químico francês no ensino médio e superior no Brasil. Após exposição necessária do trabalho de Lavoisier e seus contemporâneos, apresentaremos os principais trabalhos que existem no Brasil, que discutem sua epistemologia, especialmente os artigos publicados nas Revistas, Química Nova e Química Nova na Escola. Os argumentos contidos nestes últimos serão discutidos à luz dos pressupostos de Kuhn que caracterizam esse momento da Ciência.
Abstract: The historical and descriptive approach proposed by Thomas Kuhn about the transformation of scientific thought, presupposes the notion of scientific revolution, the moment which the theoretical, methodological and instrumental principles of a scientific theory (paradigm) are replaced by another ones. This approach exposes the profound philosophical, historical and social aspects of the Sciences, because it shows that paradigm shifts are complex and nonlinear social processes. On his classic work The Structure of Scientific Revolutions, Kuhn discusses, as a physicist, detailed examples of scientific revolutions that occurred in physics. In Chemistry, he says that the work of Lavoisier was also revolutionary, and he comments about the impossibility of being assigned to a single scientist the "discovery" of new chemical elements. In particular, the discovery of oxygen could not be attributed to the scientists who were involved with this gas in the mid-eighteenth century. After Kuhn's works, several philosophers and historians of science have speculated about the Physics epistemology. In Chemistry, at least in Brazil, such discussions have only recently been initiated. In this dissertation we analyze the revolutionary nature of Lavoisier' works, under Kuhn's perspective, within important papers published in Brazil and used in high school and graduate courses to discuss the epistemology of the work of the french chemist. After the exposure of Lavoisier' works and those of his contemporaries, we show the main literature that exists in Brazil, discussing their epistemology, especially the papers published in the journals Química Nova and Química Nova na Escola, which we discuss under the light of Kuhn's assumptions that characterize this moment in Science . |